24 de nov. de 2020

(Mais) 10 jogos oldschool impróprios para menores



ATENÇÃO!COMO FOI DITO ANTERIORMENTE, ESSA POSTAGEM NÃO É RECOMENDÁVEL PARA MENORES DE 18 ANOS  OU MORALISTAS HIPÓCRITAS. CASO SEJA ESSE SEU CASO, POR FAVOR NÃO PROSSIGA A LEITURA DO PRESENTE TEXTO.

Mais dez jogos oldschool para você não comentar de jeito nenhum no almoço da família ou para a galera do grupo jovem da igreja jogar escondido!

1- Spellcasting (PC)


Um "text-game-with-graphics" que parece uma mistura de "Harry Potter" com aquelas comédias soft porn dos anos 90- aliás o jogo nunca passa do nível soft porn maroto mesmo, não tendo nada graficamente muito pesado (a menos que você seja um fanático religioso profundamente puritano).

O jogo gerou duas sequências, todas com o mesmo estilo,  "Spellcasting 201" e "Spellcasting 301". Uma curiosidade é que a numeração dos jogos sempre são inspirados pela classe que o protagonista faz parte na escola de magia.

2- Voyeur (Phillips Cd-i;PC)


Outro jogo que parece com soft porn dos anos 90 (e esse até ainda mais porque usou atores filmados), mas  o tom de comédia é substituído pelo clima de investigação.
Em "Voyeur" você assume o papel de um detetive particular incumbido de conseguir evidências de corrupção de um CEO poderoso, através do monitoramento por câmeras escondidas da mansão do executivo- e, de quebra, consegue dar suas espiadas em todos os moradores de lá- moradores bem animados, diga-se de passagem.

3- Beat'it & Eat'it (Atari 2600)


Muitos dos jogos "+18" de antigamente acabavam caindo mais para o tosco do que para para o sensual, mas poucos fizeram isso com a maestria de "Beat'it & Eat'it".

O jogo é um daqueles em que se corre por um canto da tela tentando alcançar algo jogado do canto oposto. Em "Beat'it & Eat'it" controla-se uma moça desibidamente nua que deve correr de um lado para outro da calçada enquanto tenta aparar com a boca o resultado do... ato de auto-satisfação... de um sujeito sorridente, igualmente despido de qualquer tipo de vestimenta, no alto de um prédio.

É... é isso. Eu avisei que era tosco.

Ah... o jogo pode ser jogado em dupla, com outra moça (aparentemente a irmã gême da primeira) se unindo à situação.

4- Divine Sealing (Mega Drive)


Uma mistura um tanto insólita de shooter com hentai em um cenário de fantasia e ficção científica. As fases do jogo são de um shooter típico (na verdade até bem medíocre), mas conforme vai se avançando de fase e derrotando chefes, o jogador vai sendo presenteado com sensuais cenas de moças de 16 bits (pouco) vestidas como cosplay barato.

5- Knight on the Town (Atari 2600)


O Atari 2600 foi um dos campeões dentro dos consoles antigos em sacanagem de poucos bits, e um bom punhado desses jogos se deveu à Playaround, sucessora da pioneira Mystique. Um deles foi "Knight on the Town", onde um cavaleiro sem armadura brilhante e com uma espada bem diferente daquelas padrão em jogos de fantasia medieval, tem que construir uma ponte e resgatar uma princesa bem curvilínea em uma torre, enquanto se esquiva dos ataques de um dragão voador cospe-fogo, de um crocodilo do fosso e de um gremlin (ou goblin ou seja o que for) disposto a atacar a dentadas a "espada" do animado herói.
Ah, e se o cavaleiro conseguir completar a ponte evitando esses perigos todos, a recepção dada pela donzela em perigo a ele mostra um pouco do que rolava após o "E foram felizes para sempre" dos contos de fada.

6- Lady in Wading (Atari 2600)


Em uma atitude bem a frente de seu tempo, a PlayAround lançou versões de seus jogos voltada, prioritariamente, para o público feminino, onde os papéis eram invertidos e os jogos tinham até a mesma situação, mas protagonizados por mulheres.
"Lady in Wading" foi a versão gender switch de "Knight on the Town", onde o cavaleiro dava lugar a uma amazona tentando resgatar um príncipe na torre. 
As cenas pós "E viveram felizes para sempre" também estão presentes essa versão.

7- Cathouse Blues (Atari 2600)


A versão gender switch do jogo "Gigolo". Em "Cathouse Blues" um garoto de programa deve satisfazer sete mulheres diferentes, receber o pagamento da cliente certa, escapar dos policiais na rua e evitar casas com alarme.
Para quem tiver curiosidade, falamos do jogo "Gigolo" na outra postagem sobre jogos antigos impróprios para menores.

8- Lipstick.2- Joshi Gakusei Hen (NES)


"Lipstick" é uma série de jogos não- licenciados de quebra-cabeças de qualidade sofrível para o NES, sendo seu único apelo o fato de o quebra-cabeça (com arte tão sofrível quanto qualquer outra coisa nesse jogo) a ser montado ser de moças pin ups de 8 bits.
Apesar de colocarmos o segundo jogo da série aqui, de fato não faria diferença qual dos vários jogos da franquia escolher... são todos quase iguais. 
Inclusive chegam a repetir a tela de abertura...

A tela de abertura

9- Honey Peach- Mei Nu Quan (NES)


Um jogo de pedra-papel-ou-tesoura valendo roupas, lançado de forma não licenciada pela Sachen. É... não tem muito mais o que explicar aqui exceto que...

Às vezes você ganha...

... às vezes você perde.

10- Riana Rouge (PC)


Um jogo de aventura para PC que parece saído das páginas da revista de quadrinhos "Heavy Metal Magazine"! A playmate Gillian Bonner encarna o papel de uma tímida, porém corajosa, secretária que ao salvar uma colega de ser violentada pelo chefe é jogada por uma janela e acaba indo parar em um mundo fantástico, onde vive muitas aventuras, em todos os sentidos.
Nesse outro mundo, no lugar de uma secretária, a protagonista é uma guerreira que tenta resgatar uma amiga (a colega de trabalho) das garras de um ditador malévolo (seu chefe). Realmente, é bem "Heavy Metal Magazine" mesmo!



Uma curiosidade é que o jogo, lançado pela Black Dragon, foi um dos poucos jogos de PC a receber a tarja "Adults Only".

Lista fechada. É isso, pessoal. Comportem-se ao jogar e não comentem desses jogos nas festinhas de família. Até mais!

8 de nov. de 2020

Jogos Steam para Retrogamers #32

Micro-especial jogos de tabuleiro 2!

E eu prometo que depois de hoje vou ficar um bom tempo sem falar de jogos de tabuleiro aqui no blog!

SUGESTÃO #1

Se você está com saudades de jogar: "Backgammon" (Atari 2600)

Tente:  Backgammon Blitz 





Sinopse: Um jogo de gamão com um tutorial simples e detalhado para quem não sabe jogar, visual e trilha sonora caprichados e (como de praxe) possibilidade de jogar sozinho contra a máquina ou contra um player 2.

Eu, particularmente, achei melhor que a maioria dos aplicativos de Gamão para celular que conheço

SUGESTÃO #2

Se você está com saudades de jogar: "Othello" (NES)

Tente:  Othello Let's Go



Sinopse: Othello (ou Reversi), o jogo de peças brancas e pretas em um tabuleiro verde, em oito níveis de dificuldade, que de iniciante até muito experiente. 

O  jogo tem um visual simples e bonito e tem como atração extra dezenas de exercícios e problemas de Othello para vocé treinar e se aprimorar.  Como sempre, dá para jogar sozinho ( ideal quando se está ainda aprendendo) ou contra outro jogador.

E achei bem mais fácil, ou melhor, bem melhor calibrado e equilibrado que o de NES...


Como é apenas um micro especial, só esses dois jogos hoje.

E mais uma vez prometo ficar um bom tempo sem falar de jogos de tabuleiro! Sério!

Até breve e bom jogo a todos!

30 de out. de 2020

Jogos Steam para Retrogamers #31

 Duas dicas hoje, uma para a galera que gosta da emoção da aventura, outra para quem gosta de um desafio mental.

Ou podem ser duas para quem gosta de ambos.

Se você está com saudades de jogar: "Castlevania III: Dracula´s Curse" (NES); "Castlevania: Bloodlines" (Mega Drive); "Castlevania" (NES"; "Lord of Darkness" (Master System); "Super Castlevania IV" (SNES), "Frankenstein: The Monster Returns" (NES)

Tente: Bloodstained: Curse of the Moon 2


Sinopse: A contiuação do jogo retrô da franquia "Bloodstained", que manteve os mesmos gráficos estilo 8 bits e seus cenários multi-facetados com jogabilidade dos dias de hoje. O jogo segue as caçadas do espadachim amaldiçoado Zangetsu e traz novos guerreiros, como a exorcista Dominique, além de todo grupo que se formou no jogo anterior.
Se você gosta dos antigos jogos de "Castlevania", com certeza esse jogo vai te agradar muito! Recomendo bastante.

SUGESTÃO #2

Se você está com saudades de jogar:  "Shangai" (NES, Master System)

Tente: Mahjong


Sinopse:  O bom e velho mahjong solitaire, com 70 fases diferentes, vários cenários (alguns parecem que saíram de um filme de kung Fu) e peças para customizar ao design do jogo de acordo com seu gosto pessoal e uma trilha sonora zen. É muito legal e bem-feito, mas admito que acho o "Shangai" do Master System mais charmoso.


Pessoal, para quem curte dia das bruxas, boa diversão, para quem não curte, jogue "Mahjong" e deixe os outros se divertirem. Até a próxima e bom jogo a todos!




27 de out. de 2020

Mappy

 


Policiais comumente protagonizam jogos de videogame. Raramente suas contrapartes do mundo dos jogos se parecem com os do mundo real, mas ainda assim protagonizam. E dentre os que guardam menos semelhanças, o herói de "Mappy" é talvez o caso mais flagrante!

Lançado em 1984 no Japão pela Namco, "Mappy" é um jogo de plataforma de primeira fornada do NES que chegou ao console após sua estréia nos arcades, sendo posteriormente relançado para sistemas mais contemporâneos, individualmente ou em coletâneas.

História e Roteiro


Em "Mappy" um simpático e pouco belicoso ratinho membro da força policial deve recuperar os itens roubados pelo gato rechonchudo Goro e sua gangue, os Meowkies. Os gatunos (não resisti a usar esse termo) roubaram de pinturas valiosas até rádios e esconderam tudo em sua mansão (aliás, mais de uma... o negócio deles deve ser bem lucrativo), e agora cabe ao valente Mappy pegar tudo de volta enquanto pula por trampolins e plataformas das mansões, perseguido por Goro e seus capangas felinos.
Aliás, quem foi o arquiteto desse lugar? O cara tinha uma ideias bem exóticas de como uma mansão deve ser...
Um roteiro simples para um jogo simples, Apenas para dar um pretexto para a correria toda, mas ainda assim... até que é legal.

Gráficos


Gráficos bem simples, mas agradáveis aos olhos. Os sprites de Mappy e Goro são o maior destaque, sendo engraçados até hoje, mas os Meowkies não são ruins. O cenário é OK, mas pouquíssimo variado, com pouca coisa mudando exceto um detalhe aqui ou lá, como a presença de sinos na
os cantos dos telhados ou a disposição das portas. 
Os gráficos até que envelheceram bem para um jogo de 1984, na minha opinião.

Música e Efeitos Sonoros

A música é até legal, e quando digo A música é literal mesmo. O jogo possui apenas uma única música tocada fase após fase, ad infinitum... apesar de não ser de modo algum uma música ruim, é compreensível que ouvi-la ininterruptamente possa dar nos nervos de alguns.
O jogo não tem muitos efeitos sonoros, e os que tem são ao mesmo tempo simples e funcionais. Nada que faça trincar os dentes de nervoso.


Controles e Jogabilidade

Os controles são simples. Você controla para onde Mappy vai pelos direcionais e os botões A e B abrem as portas. Apenas isso.
E isso é uma das razões do estranhamento que pode se ter de início...  Mappy é um dos protagonistas mais limitados dos 8/16 bits. Ele sequer pode pular! Você só consegue fazê-lo saltar usando as várias camas elásticas espalhadas pelas fazes. Mappy também não tem nenhum tipo de ataque próprio, apenas podendo usar sinos ou as "power doors" (umas portas piscantes que aparecem em cada estágio) para acertar os gatos e também não dá para fazê-lo correr mais rápido.
Sim, é difícil entender como alguém deixou Mappy usar aquele uniforme e ganhar um distintivo.
Essas limitações todas do herói fazem com que alguém que esteja jogando o título pela primeira vez tenha um pouco de dificuldade, mas os controles respondem bem e não é difícil se acostumar com as escolhas de gameplay feitas pelos programadores.

Dificuldade




Para um arcade daquela época "Mappy" não é dos mais difíceis, depois que se pega o jeito.  O jogo vai de fato se tornando mais difícil conforme as fases vão se sucedendo, com mais Meowkies se juntando à caçada ao ratinho policial, mas é uma curva bem-feita, sem subidas abruptas.
Algo a se ficar atento é quando, ao se gastar muito tempo na fase, aparece "Hurry Up" na tela. O pior dos capangas de Goro, Gosenzo, aparece depois do segundo aviso para perseguir Mappy, e ele é bem mais difícil lidar com ele que com os Meowkies (ele pode acertar Mappy enquanto o ratinho está pulando em uma cama elástica, por exemplo).
Um último aviso sobre o Goro! Ele volta e meia se esconde atrás de um dos itens roubados. Pode encostar sem medo. Você recupera o item e ainda ganha 1000 pontos extras por descobrir o esconderijo do gato larápio.
O jogo é cheio de outros detalhes. As portas que brilham quanso abertas libeetam uma onda de choque que varre da tela todos os felinos que encontra (vale lembrar que a onda sempre seguirá para o lado da porta que tem a maçaneta) e os sinos que aparecem em alguns estágios podem ser derrubados sobre os seus perseguidores. Cuidado quando os trampolins ficarem vermelho escuro. No próximo pulo vão arrebentar. Em alguns momentos isso pode ser útil, em outros é morte certa. O chão brilhante que desaparece após Mappy passar por ele também pode ajudar ou prejudicar. Fique atento.
E por último, fique atento ao lado que as portas abrem. Elas podem golpear os ladrõezinhos, tonteando-os, ou você, facilitando que eles te alcancem.
O jogo não possui Power-Ups e Mappy morre ao menor encostão ou queda que não seja em uma cama elástica, mas ganha-se vidas a cada 70000 pontos. A cada três fases comuns aparece uma fase-bônus onde se estoura balões, ótima para ganhar pontos.


Comentário Final




"Mappy" ainda é um jogo que diverte, mesmo após tantos anos de seu lançamento. É um tanto datado, tem as características da sua época, mas de fato é divertido. Graças à sua simplicidade, "Mappy" é um daqueles jogos ideais para quando se quer jogar algo, mas se está sem cabeça ou vontade para algo mais complexo.
Seu maior defeito é a repetitividade, tanto de cenários quando do próprio jogo em si, o que vai fazer o jogador enjoar mais cedo ou mais tarde dessa infinita correria por pontos, já que "Mappy" não possuí um final propriamente dito e entra em looping após o level 15.

NOTA: 6,0

P.S: O nome do jogo vem de "mappu", um termo japonês levemente pejorativo usado para se referir a policiais.



23 de out. de 2020

Jogos Steam para Retrogamers #30

Micro-especial jogos de tabuleiro!

SUGESTÃO #1

Se você está com saudades de jogar:  "Super Igo: Go Ou" (SNES)

Tente: Ancient Go


Sinopse: Um jogo de Go, um dos mais populares jogos de tabuleiro no oriente, voltado para iniciantes.
Voêe pode jogar contra a máquina (em diferentes níveis de dificuldade) ou contra outros jogadores. O jogo possui tutoriais, opção de tabuleiro dos tamanhos tradicionais e, algo muito importate para quem está começando, o jogo indica visualmente elementos e posições d jogo, como o ko, facilitando o aprendizado.
Para quem tem vontade de aprender é uma ótima pedida!

SUGESTÃO #2

Se você está com saudades de jogar:  "Sega Chess" (Master System); "Chessmaster" (NES)

Tente: Chess Ultra


Sinopse: Um jogo de xadrez bonito, com opções para jogar contra o computador (10 níves de AI) ou contra outros jogadors em várias modalidaes (clássico, relâmpago, etc) inclusive em campeonatos. O jogo também traz 80 problemas quebra-cabeças e vários tutoriaispara você treinar, estudar e melhorar seu desempenho no xadrez.
Para quem se importa com essas coisas, também suporta 3D.

Só duas dicas hoje. Antes de ir vale a pena lebrar que até dia 26 de outubro é o Festival de Jogos de Mesa Digitais do Steam, com muitos jogos de tabuleiro em promoção (inclusive os dois acima). Bom jogo a todos e até logo.

21 de out. de 2020

Divagações Oldschool: "Deixa seu irmão jogar"

 


"Deixa seu irmão jogar". Na época de poucos bits, onde os save game eram raros e pouco confiáveis (quem já perdeu um save quase no final do jogo em "Shining Force II" e teve que recomeçar do zero levante a mão) essa era uma das frases que mais exasperavam os jogadores que ao mesmo tempo ocupavam o cargo de irmão mais velho em casa. Talvez fosse a frase que mais exasperava, seguida de perto pela afirmação descabida que videogame escangalhava a TV. E que videogame era coisa do capeta.
Os pais daquela época pareciam incapazes de compreender que os jogos eram difícieis e muitos deles, como "Gauntlet" ou "Alex Kidd in Miracle World", consideravelmete longos (e os que não eram longos pareciam ser que devido a dificuldade quase sempre exasperante da época) e que se você encerrasse a partida ali, naquele momento, para seu irmãozinho ou irmãzinha choraminguento(a) poder jogar e perder todas as vidas em menos de cinco minutos, teria que começar tudo de novo, desde o início e sem garantias que chegaria tão longe, já que muitas vezes se alcançava os últimos estágios mais por um golpe de sorte do que qualquer outra coisa.
Parecia uma maldição... muitos amigos e colegas de classe da época relatam situações bem semelhantes: você estava longe em um jogo complicado e lá vinha seu seu irmãozinho(a), de 3 a 5 anos mais novo(a), em média, começar a ladainha... "Deixa eu jogar", "Você já está jogando a um tempão", "Eu ainda não joguei", "É a minha vez"...
Depois de ser ignorado ou enxotado aos berros, o irmão ou irmã mais novo(a) em geral ia atrás de um dos pais (a mãe, na maioria dos casos, mas nem sempre) e contava uma versão distorcida da história, de que o irmão mais velho não deixava ele jogar, que o irmão disse que ia ser a vez dele e não deixou ele jogar, coisas assim.
Aí vinha um de seus genitores na porta da sala (ou do quarto, para os felizardos que conseguiam ter uma TV para uso exclusivo naqueles tempos onde não era raro só se ter a "televisão da casa") e começava a mesma repetição das frases do irmão/irmã mais novo(a), mas agora revestidas com autoridade e/ou finalizadas com ameaças: "Deixa seu irmão jogar um pouquinho", "Daqui a pouco ele perde e você volta a jogar", etc.
Você tentava explicar o quanto isso te atrapalharia, mas era em vão. Era algo semelhante a tentar encaixar o cubo no buraco triangular daqueles brinquedos educativos...  Se você se mostrasse muitas vezes recalcitrante vinha o infame "então vou desligar esse videogame e ninguém mais vai jogar". 
E lá se ia sabe-se lá quanto tempo de jogo ralo abaixo. E tudo para seu irmão ou irmã cair no primeiro buraco da fase por não conseguir apertar o botão no momento certo.
Passei por isso, como quase todos os outros. A vez que mais me irritou, a ponto de até hoje estar gravada na minha memória, foi quando eu estava indo muito bem naquele "Teenage Mutant Ninja Turtles" da Konami para NES (maldito seja quem inventou de colocar aquele labirinto de algas marinhas que dão choque no jogo). Eu estava com três das minhas quatro tartarugas ainda vivas (se não ,me engano tinha perdido apenas o Rafael), havia conseguido passar pelas algas elétricas desgraçadas e estava em um trecho que nunca tinha chegado antes quando meu irmão chegou sei lá de onde só para pedir para jogar. 
Neguei, logicamente e solicitei delicadamente (ou talvez nem tanto assim) que ele não enchesse o saco. Meu irmão foi reclamar com minha mãe, a qual fez o discurso padrão daquela situação. Expliquei e tornei a explicar, ressaltando o quanto era difícil passar pelas algas (de novo, maldito seja o infeliz que pôs aquilo no jogo), mas aí veio o argumento pseudo-conciliativo de "seu irmão não joga tão bem quanto você... ele não vai demorar, aí você volta a jogar". Irritado, respondi que não queria jogar mais nada e apertei o botão RESET. Minha mãe reclamou da minha resposta, enquanto meu irmão se apoderava do controle. Emburrado, saí da sala e fui para meu quarto, ler pela vigésima vez algum dos meus gibis.
Não deu dez minutos, minha mãe abriu a porta, avisando que meu irmão já havia terminado a vez dele e falando para eu voltar a jogar. No melhor do mau humor juvenil, respondi que não queria jogar coisa nenhuma. Minha mãe ainda tentou contemporizar, mas eu estava realmente irritado daquela vez e neguei-me a voltar jogar. A fita era emprestada e não alugada... o espaço de tempo que eu a teria para jogar era maior, então pude me dar ao luxo de cruzar os braços e fazer cara feia no lugar de voltar a segurar o controle. Minha mãe terminou por se aborrecer  e depois de uma bronca, deixou-me sozinho com minha pilha de revistas em quadrinhos. E de fato não joguei mais videogame naquela noite, em protesto pela partida perdida (ou por pirraça, como minha mãe declarou).
Olhando hoje em dia, é claro que (justificadamente) parece um grande exagero, mas quem foi um irmão ou irmã mais velho(a) nos anos 90, e gostava de videogame, vai compreender. 
E se você que está lendo esse texto agora era o/a caçula naquela época, vá e peça desculpas para seu irmão ou irmã.

13 de out. de 2020

Divagações Oldschool: Sonhos

 


Vários amigos e conhecidos meus tiveram sonhos relacionados a videogame, embora eu duvide da veracidade dos mais elaborados (como aquele, a ver com "Mortal Kombat", que um velho amigo me contou no ônibus durante uma excursão escolar) dentre eles. Eu sou o contrário... muito raramente sonhei com algo relacionado a jogos de videogame. 

Sendo mais específico, o único sonho ligado a isso que lembro de ter tido foi quando quando sonhei que jogava xadrez com o velho mago com cara de Merlin das capas antigas da franquia "Chessmaster". Foi no final da adolescência, que coincidiu com o final dos anos 90 e eu estava jogando bastante "Chessmaster" naquela época. Qual deles? Não lembro, mas acho que era o "Chessmaster 6000".

Enfim, esse detalhe não é tão relevante... o mago é o mesmo em todas as capas. Sonhei que jogava contra ele e que eu estava com as brancas. Não lembro bem do lugar, mas jogávamos sentados à uma mesa. O tabuleiro era grande e, assim como as peças, era de madeira.

Lembro que conversávamos durante a partida, mas não lembro direito sobre o quê. Acho que ele me dava dicas durante o jogo. Isso faz sentido, pois no jogo existe uma função onde o computador te recomenda o melhor lance, etc. Ainda assim não tenho realmente certeza.

O mais decepcionante é não saber como terminaria  a partida. Fui acordado para ir ao colégio. Ainda tentei durante o dia lembrar a posição das peças no tabuleiro, mas em vão. 

Nunca mais sonhei com o mago do xadrez de novo. A partida ficou assim, inacabada.

Acho que posso considerá-la um empate, então. 1/2-1/2.

12 de out. de 2020

Jogos Steam para Retrogamers #29

 Que tal umas dicas de presente para sua criança interior nesse 12 de outubro?

Ah, sim... antes das dicas... Por que essa seção já deu mais de meia dúzia de recomendações de uma vez só e atualmente se restringe a dois ou três jogos?  Por duas razões específicas, a primeira é que estou jogando menos videogame e me dedicando mais ao xadrez, estudando e resolvendo exercícios de treino e problemas, além de estar me dedicando a aprender novas formas de xadrez, como o shogi e o xiangqi, além de um jogo de tabuleiro oriental chamado go.

A segunda é que adquiri muitas coletâneas de jogos antigos, como aquela com mais de 50 jogos de Mega Drive e as da Namco, SNK, Konami, de jogos da Disney e do Mega Man, então acabo jogando mais esses jogos antigos do que jogos novos feitos de forma retrô (com exceção dos jogos da JoyMasher e de "Stardew Valley"). Quanto a não estar fazendo reviews... a verdade é que no momento não ando com vontade de escrever reviews e estou preferindo escrever outras coisas.

Esses fatores são permanentes? Não faço ideia...

Enfim... vamos às dicas!

SUGESTÃO #1

Se você está com saudades de jogar:  "Blaster Master" (NES)

Tente: Blaster Master Zero


Um remake do clássico de Nintendinho, "Blaster Master Zero" manteve a estética e a essêcia do original, mas adicionando novas áreas e chefes de fase, atualizando os controles com o uso de controles com mais botões, novos elementos de jogo como mais armas secundárias  (subweapons).
O cenário também foi modificado, corrigindo as limitações impostas pela tecnooogia da época. Quanto à história do jogo ela tem como base à da versão norte- americana. Calma! Não precisa espumar de raiva por não terem usado a original japonesa! Ainda tem o lance do garoto ir atrás do sapo, mas nessa versão a história ganhou mais detalhe e profundidade, com um toque mais mangá de ficção científica do que o roteiro de desenho animado de sábado de manhã que os norte-americanos inventaram para o "Blaster Master" original nos anos 80. Ficou legal, acredite!
Sendo bem sincero, foi um dos melhores remakes que já joguei. Recomendo bastante tanto para fãs do jogo original quanto para jogadores mais novos que nunca assopraram um cartucho na vida.

SUGESTÃO #2

Se você (ainda) está com saudade de jogar "Blaster Master" (NES)

Tente: Blaster Master Zero 2


A sequência do remake, que dá continuidade às aventuras de Jason e do tanque SOPHIA. A estética retrô foi mantida, assim como mais novidades acrescentadas.

SUGESTÃO #3

Se você está com saudades de jogar: "Pinball Quest" (NES), "3D Pinball: The Lost Continent" (PC), "Jaki Crush" (SNES), "Sonic Spinball" (Mega Drive), "Devil Crash" (Mega Drive), "Crue Ball" (Mega Drive), "Dragon's Revenge" (Mega Drive)

Tente: Demon's Tilt


Eu me amarro nesses pinballs misturados com elementos de outros gêneros de jogo, então "Demon's Tilt" é uma pedida e tanto! A trilha sonora é puro metal em 16 bits. O jogo mistura as jogadas tradicionais de pinball com lutas contra chefes vindosdo mundo das trevas e até elementos de chuva de balas! O jogo tem ritmo rápido e uma ambientação de horror, um tanto gótica, outro tanto neon a la anos 80, com vários segredos para serem descobertos em três mesas diferentes. Se você é aficcionado por pinball, é quase um jogo obrigatório!

O dia das crianças vai chegando ao fim e nossas dicas ficam por aqui também. Até a próxima e bom jogo a todos.

Divagações Oldschool: Dia das Criaças

 


Faz tanto tempo, mas parece que foi ontem. Dia das crianças era sinônimo de jogo novo- aliás, não só o Dia das Crianças! Qualquer data comemorativa significava a possibilidade e esperança de um cartucho novo na estante. O nosso Phantom System chegou no Natal de 89, por exemplo. O Mega Drive no Natal de 93, a primeira noite que meu rmão mais novo e eu viramos em claro na vida, empolgados jogando "Sonic the Hedgehog 2".

Dia das Crianças podia significar um cartucho só para os dois, ou, se os tempos eram de vacas gordas, um cartucho para cada. De qualquer forma dava briga... no primeiro caso tentando chegar a um meio termo, encontrando um jogo que agradasse igualmente aos dois. No segundo era uma irmão tentando influenciar a escolha do outro, tentando fazer que o presente alheio na verdade fosse algo que se queria também. Nunca deu resultado. Nem meu irmão nem eu conseguíamos dissuadir o outro a trocar a escolha feita. Foi assim com "The Jungle Book" do Mega Drive. Meu irmão fez de tudo para que eu não pegasse esse jogo como meu presente de Dia das Crianças. Fracassou. Depois acabou gostando e jogou bastante nas tardes pós-escola.

Cartuchos eram caros. Não era algo que se ganhava sempre, então nós dois e a maioria dos nossos amigos usávamos todas as cartas nas nossas mangas para conseguir jogo novo nas datas comemorativas. Volta e meia os pais tentavam oferecer outra coisa, apresentando algum outro brinquedo ou jogo de tabuleiro. Poucas vezes funcionava. Lembro de um menino de uma rua próxima que recusou, para a ira do pai, uma bicicleta em troca do cartucho que queria. Não lembro qual foi o jogo, mas lembro perfeitamente dos resmungos do pai do garoto quando a galera se reunia para jogar lá, na casa deles. Dizia que a gente não tinha infância, que ele nunca tinha ficado gastanto tempo na frente da TV no lugar de jogar bola, coisas assim.  Comprava, entretanto, os jogos que o filho pedia, então acho que as reclamações eram mais da boca para fora mesmo.

Ou talvez simplesmente tenha se dado por vencido. Eu estava ocupado demais jogando ou prestando atenção na tela, esperando a minha vez, para pensar muito a respeito.

Não moro mais lá, onde cresci. Nunca mais tive contato ou notícias do pai desse antigo colega. Será que ainda está vivo? Ainda mora por lá? Será que já tem um neto ou neta e fica reclamando da criança jogar videogame como antigamente? Não faço ideia... foi tudo a muito tempo atrás.

Mas parece que foi ontem.

30 de set. de 2020

Divagações Oldschool: Playland

 


Já ouvir dizer que quando você gostava muito de um lugar na infância jamais esquece o nome. Devo ser uma exceção a essa regra, pois esqueci o nome da Playland e só lembrei graças ao oráculo da internet. E  olha que meu irmão e eu gostávamos muito daquele lugar.

Aliás, se você era um garoto ou garota que curtia videogame no início dos anos 90 na cidade do Rio de Janeiro, você adorava a Playland.  A loja era gigantesca (para os padrões da época, claro), com dois andares. O de baixo era mais próximo de um parque de diversões tradicional, com carrossel e afins. O segundo andar era a Shangri-La dos fãs de jogos eletrônicos.

O maior arcade da cidade, com bem mais de uma dezena de máquinas de pinball enfileiradas; simuladores de corrida de todo tipo;  dezenas de "flippers" (máquinas de arcade em gíria da época) com os mais diversos e badalados títulos... "Teenage Mutant Ninja Turtles", "Moonwalker", "Street Fighter II", "Alien Storm", "Mortal Kombat"- tinha até aquele com hologramas, "Time Traveller". Fora as máquinas que misturavam arcade com simulador, onde você girava e rodopiava preso à cadeira igual à ação dentro da tela do jogo! Tinha também um com armas de plástico semelhantes a revólveres Colt onde se atirava em bandidos que pareciam saídos de um filme de faroeste italiano. A gente se amarrava!

Como falei, todo mundo amava a "Playland". Era unanimidade entre meus colegas de classe e a galera lá da rua, mas isso não significa que se ia muito lá... A classe média espremida daqueles difíceis tempos pós- Plano Collor não podia bancar idas semanais (sequer mensais) à "Playland". Lá era legal, mas não era barato.

Meu irmão e eu teríamos ido bem menos lá se a sorte não tivesse dado de bandeja um presente sem igual para a gente: Meu pai tinha um amigo que trabalhava lá, na parte administrativa. Seu nome era Francisco, mas para nós, meu irmão e eu, era o tio Chiquinho. 

Tio Chiquinho era um coroa sorridente. Amigo do meu pai a perder de anos. Volta e meia quando  íamos ao Barrashopping, meu pai falava a frase que mais ansiávamos: "Vamos ver se o Chiquinho está lá". Enquanto meu pai e minha mãe colocavam a conversa em dia com o tio Chiquinho, ele dava um jeito para meu irmão e eu jogarmos de graça- em geral abrindo um painel com uma ferramenta que chamávamos de "chave"  e mexendo em algo lá dentro. 

Não que fossemos abusados. Meus pais não deixavam a gente pedir para jogar muito. Eram duas ou três vezes, normalmente. Nós ficávamos, obviamente, cheios de vontade de pedir para jogar só umazinha a mais, mas achávamos melhor não falar nada nem insistir com medo de perder aquilo que reconhecíamos como um privilégio. Quando o mês não estava tão apertado, meus pais compravam umas fichas para o jogo não parar, mas não era sempre.

A grande exceção foi um aniversário meu. Tio Chiquinho carimbou meu braço, o do meu irmão e do nosso primo e pudemos andar quantas vezes nós quisemos nos brinquedos do primeiro andar... barco viking, carrinhos de bate-bate, mini-montanha russa...quando cansamos e fomos para o segundo andar... esse dia eu realmente perdi a conta de em quantas máquinas joguei. Nunca tinha jogado tanto arcade antes. Nunca mais joguei tanto arcade depois.

Com o tempo, as idas à Playland foram rareando, por umasérie de razões. Quando eu estava no segundo grau, já mais para o final dos anos 90, eu jogava bem menos do que jogava até 1995, 1996... Outros interesses, estudo, curso, momentos de pouco dinheiro no bolso, alguns empregos temporários... videogame foi ficando em segundo plano. 

E assim fotam correndo os dias. A Playland fechou. Em 2003 foi substituída por outa loja, a Hot Zone. Nunca fui lá. Estava na faculdade nessa época e ir a um arcade e sequer considerava a ideia de ir a um arcade aquele tempo. Perdi contato com o tio Chiquinho a muitos anos. Acredito que esteja aposentado, mas não tenho como saber, ainda mais agora que meu pai não está mais aqui. Espero que tio Chiquinho esteja bem. Gostaria muito de reencontrá-lo, de verdade, apenas para dar-lhe um grande abraço e dizer obrigado. Só isso.

Mas... admito... se ele ainda tiver a velha "chave" e e perguntar se eu quero jogar um pouco de fliperama como nos velhos tempos... eu aceito.





28 de set. de 2020

Divagações Oldschool: Art of Lying (ou "Foi culpa do Neo-Geo")

 

No início dos anos 90 ninguém conhecia o termo "arcade"- pelo menos ninguém que eu conhecia! Para nós era fliperama mesmo, ou simplesmente "flipper". "Vamos no flipper?" ou "Bora no flipper?" eram frases comumente ditas e escutadas nos tempos finais das aulas ou no momento da

 saída das escolas. E tinha máquina para tudo que é lado... tinha "flipper" na padaria; tinha "flipper" no botequim  onde meus amigos compravam cigarros para o pai ou para a mãe mesmo sendo menores de idade; tinha "flipper" no bar do clube; tinha "flipper" nas galerias comerciais, como aquelas que eram comumente chamadas de "passarelas" por fazerem uma ligação entre duas ruas diferentes... enfim, deu para entender.

E onde tinha "flipper", tinha uma rodinha de moleques em volta, assistindo quem estava jogando, em especial perto da hora do almoço ou lá pelas seis e pouco da noite. Eu estudava pela manhã, então em geral era no primeiro horário que eu jogava ou fazia figuração nas rodas de guris.

E não era só nos "flippers" que jogávamos. Era comum locadoras também disponibilizarem consoles variados para serem jogados a preços módicos. Nas locadoras eu jogava mais aos sábados e segundas-feiras, quando alugava ou devolvia cartuchos, e durante a semana eu volta meia dava um pulo em algum lugar que tivesse "flipper" e ficasse no caminho de casa. Em geral, eu não demorava muito e chegava em casa antes que alguém percebesse a demora e ficasse preocupado.

Em geral... 

Nem sempre...

Um das poucas vezes que fui jogar em uma locadora durante a semana  foi uma dessas vezes do "nem sempre". Aliás, foi A vez!

Dois colegas de classe comentaram que uma locadora não tão próxima agora estava com um Neo-Geo. Um Neo-Geo! E não era só isso! A locadora tinha o jogo "Art of Fighting" para jogar no tal Neo-Geo! Eu estava doido para jogar esse jogo desde que  tinha lido sobre ele em revistas, mas nao tinha aparecido oportunidade até então.

Aí meus colegas, o W. e o B.T, chamaram-me para ir lá. A locadora ficava uns 15 ou 20 minutos da escola- no caminho oposto ao meu!

Ou seja, só a ida e volta acrescentaria de meia hora a quarenta minutos no meu tempo de chegada em casa (fora o tempo que eu gastaria jogando ou vendo os outros jogarem). Não tinha como dar certo, mas... quem disse que eu pensei nisso na época?

Sequer cogitei! A vontade de jogar, ou pelo menos ver ao vivo, "Art of Fighting" falou mais alto e eu simplesmente pensei algo como "ah, vou rapidinho, jogo uma vez só, assisto mais só uns cinco minutinhos e volto correndo. Tá tranquilo".

Quase três da tarde e eu ainda estava na locadora. Vi um dos meus colegas jogar, joguei uma vez, vi o outro joar e depois as jogadas de alguns desconhecidos. Só me toquei da hora por que alguém perguntou a hora para outro e, por acaso, ouvi o cara responder. O sangue deu aquela gelada , e  na hora falei com os meus colegas. 

Para minha surpresa os dois pareceram não ligar muito... Coisa de quem ficava a tarde toda sozinho em casa enquanto os pais trabalhavam, mas meu caso era outro... minha avó morava com a gente na época e com certeza estava desesperada, cogitando mil desastres e destinos terríveis para mim, sem dar sossego para minha mãe no trabalho, com uma ligação atrás da outra. 

Larguei os dois lá e voltei o mais rápido que pude, chegando a correr em alguns momentos com a mochila pesada batendo nas costas. Eram quase quatro horas quando cheguei. Minha avó quando me viu passar pelo portão veio correndo (em uma velocidade notável para sua idade), já me bombardeando com perguntas freneticas, deixando por último o aviso fatídico.

'"Olha, seus pais estão muito nervosos. Sua mãe está toda preocupada lá no trabalho."

Depois de umas trinta ligações de uma típica avó apavorada não poderia ser muito diferente, afinal.

Como o dano estava feito, pensei em pelo menos minimizar o estrago. Inventei uma história que tinha ido na casa de um colega de classe, o D., que morava no  mesmo condomínio onde morávamos, mas na outra ponta, para fazer um trabalho em grupo, mas que não tinha dado para ligar porque o D. estava com o telefone quebrado, e que depois do trabalho jogamos um pouco de videogame e perdi a hora, só me tocando disso quando a mãe (ou irmã, sei lá de quem falei na hora) havia entrado na sala e comentado que horas eram, daí voltei correndo, mas estava dentro do condomínio e tal, etc. 

Detalhe que o D. sequer tinha ido jogar e não estava sabendo de nada.

Minha mãe ligou pouco depois e minha avó avisou que eu tinha chegado. Fui chamado ao telefone e o esporro começou ali, por cortesia da TELERJ. quando fui inquirido onde estava, repeti a lorota e a situação acalmou um pouco. Meus pais realmente achavam que nosso condomínio era um local seguro. Levei mais um pouco de esporro por telefone e depois uma dose extra ao vivo quando meus pais chegaram em casa, e o caso parecia ter chegado ao fim.

Parecia.

Mas não tinha.

Na manhã seguinte meu pai, como de costume, me levou de carro para à escola (meu irmão mais novo estudava de tarde nessa época) e meu pai tinha o hábito completamente sem sentido de dirigir para à escola por dentro do condomínio cheio de curvas, no lugar de sair e ir pela estrada que margeva o condomínio, a qual era reta e cortava uma boa distância. Volta e meia esbarrávamos com colegas de classe meus pelo caminho e meu pai sempre oferecia carona.

Nesse dia, esbarramos com o D.

Senti aquele calafrio na espinha. "F*deu"- pensei, seguido de uma torrente de todos os palavrões e pragas que conhecia, dirigidos ao coitado do moleque que, inocentemente, só estava caminhando para o colégio.

Meu pai desacelerou o carro e chamou o guri.  D. Veio correndo e sentou no banco de trás. Enquanto eu tentava imaginar um jeito de pôr o infeliz a par da história. O garoto mal sentou no banco e meu pai já foi dizendo:

- "Esse trabalho de escola de vocês quase matou minha sogra ontem, hein? Vocês são tão avoados que só não perdem a cabeça porque está colada"

Foi isso ou algo do gênero. O pobre do garoto não entendeu nada e respondeu com um "Hã?" que já dizia tudo. Ainda tentei consertar a situação, mandando um "Quando perdi a hora jogando videogame contigo depois do trabalho em grupo, cara", e o D. ainda tentou ajudar, exclamando um "Aaahhhh", em uma atuação tão sem talento que nem uma criança de pré-escolar engoliria.

Meu pai pescou no ato que era mentira e o esporro recomeçou. Sem escolha, tive que contar a verdade e só não ouvi mais porque a escola era perto.

Fiquei uma fera com o D., acusando-o (injustamente) de ter estragado minha história. D., por sua vez, conseguiu de forma bizarra tentar ficar se desculpando e justificando ao mesmo tempo que ria da minha cara. E até hoje não sei o que foi pior... ter que contar a história a manhã inteira para umas vinte pessoas diferentes ou a bronca redobrada naquela noite em casa, além do castigo de ficar sem alugar jogo algum no próximo fim de semana e sem poder jogar videogame até segunda ordem.

Mas pelo menos joguei "Art of Fighting". Jogo legal.

22 de set. de 2020

Divagações Oldschool: Campeonatinho


Na primeira metade dos anos 90, minha época de ouro como jogador, a esmagadora maioria dos títulos era para no máximo dois jogadores, mas se engana quem pensa que isso era um empecilho para a galera jogar junto. Para solucionar tal situação veio a ser criado, em muitos locais diferentes e de forma autônoma o famoso campeonatinho.
Não, não era uma imitação daqueles campeonatos oficiais da Nintendo que tinham lá fora e nós sequer sabíamos como funcionavam. Nada de ver quem coleta 50 moedas mais rápido em "Super Mario Bros" nem nada do gênero. O campeonatinho era herdeiro direto dos campeonatos de futebol de botão.
Os jogos de futebol eram disparado os mais populares nos campeonatinhos de videogame do começo dos anos 90- algo um tanto óbvio e esperado. "Super Futebol" do Master, o "Futebol" da Milmar para NES-clones eram os mais cotados onde cresci, mas também tivemos os de "Soccer" (NES). "Goal!" e "Nintendo World Cup". Além de futebol também eram frequentes campeonatinhos com jogos de corrida ou outros esportes (depois, quando os 16 bits chegaram, os jogos de luta viraram febre).
Quantos eram mesmo? Dificilmente vou lembrar todos, mas teve de "Town & Country Surf Designs: Wood and Water Rages" (NES); "Super Sprint" (jogo não licenciado de NES); "Double Drible" (NES, e que festa era quando os mascotes dos times apareciam nos intervalos dos sets); "Ice Hockey" (NES) e, em especial, os animadíssimos campeonatos de "Jogos de Verão", o único título que conseguia arranhar a supremacia dos jogos de futebol e onde até briga na hora de se escolher o patrocinador rolava.
Então os 16 bits chegaram e os jogos de luta viraram febre. "Mortal Kombat" (SNES e Mega); "Street Fighter 2" (SNES e Mega) e "Art of Fighting" (SNES) eram os mais jogados, mas o futebol não foi esquecido, em grande parte graças a Allejo, a versão do Bebeto de "International Superstar Soccer" (SNES).
Mas e os campeonatos? Como eram? A primeira coisa a ser dita é que os campeonatinhos eram na maioria das vezes espontâneos, sem planejamento prévio nem nada combinado com antecedência. Em geral era fruto de tédio mesmo, ou de algum comentário aleatório sobre algum jogo que funcionava como um gatilho para alguém propôr a ideia.
Em seguida se faziam as chaves, rabiscadas em geral em alguma folha de caderno escolar arrancada. Quem jogaria com quem era decidido por sorteio (papelzinho com nome retirados do boné de alguém), zerinho-ou-um, ou qualquer outra forma. Se alguém precisasse ir embora antes de jogar (caso sua presença em casa fosse requisitada pela mãe ou pai, por exemplo) perdia por W.O.
Obviamente não dava para todos jogarem juntos (exceto em "Jogos de Verão") então o que se fazia era uma série de partidas amistosas nos jogos de esporte, ou sequências de Player 1 vs Player 2 nos de luta. Terminada a partida, botão Reset apertado, novos jogadores e assim sucessivamente, se repetindo o processo até se ter o grande vencedor. Gritaria, gargalhadas e brigas acompanhavam o evento do começo ao fim. Mais de um campeonato foi encerrado por pais irritados com palavrões e xingamentos berrados a pleno pulmões, fato geralmente seguido por uma série de irritadas acusações mútuas dos ex-competidores sentados no meio- fio após o cancelamento por força maior.
Campeonatinho tinha prêmio? Em geral não, ou mlhor, nada além de prestígio e de motivo para contar vantagem e zoar os outros na rua, mas havia aqueles, semi-escondidos, onde se cobrava uma taxa para participar (valor irrisório... seria algo como um ou dois reais hoje) e cujo montante final, fortuna que mal dava para alugar uma fita no sábado, era dado ao vencedor, ou, mais raramente, dividido também com o segundo e terceiro colocados. Muitos de nós participavamos desses escondidos, pois muitos pais não aprovavam tal prática. Meus pais nunca esquentaram para isso, então meu irmão e eu não tinhamos grandes preocupações, mas para alguns vizinhos era caso de sigilo total.
"E você venceu algum campeonatinho?" Que eu me lembre... não... talvez algum de "Mortal Kombat"... meu irmão mais novo tinha o cartucho e jogávamos bastante e ambos ficamos muito bons nesse título, mas realmente não lembro. Com certeza nunca venci algum de futebol, corrida ou outro esporte qualquer. Nunca foi o tipo de jogo que me saí melhor. Meu lance era mais jogos de plataforma,  beat'em ups, adventures, RPGs... nenhum deles nada cotado para os campeonatinhos locais.
Até cheguei a propôr uma vez um de "Chess Master" no meu Phantom System, mas acabou ficando só na proposta mesmo.


19 de set. de 2020

Divagações Oldschool: Grata Surpresa

 

No início dos anos 90 obviamente não contavamos com todas as facilidades da galera de hoje para conhecer um jogo. Na hora de alugar uma fita basicamente tinhamos no máximo alguma revista especializada, e na maioria das vezes nem isso! Eram só as fotos na parte de trás da caixa do cartucho e olhe lá! E quanta gente já não foi ludibriada por aquelas fotos?
E tal situação ainda piorava nos dias que você chegava na locadora e já tinha sido quase tudo alugado... só te restava a nada animadora opção de ficar vasculhando as prateleiras mais baixas em busca de algo minimamente interessante.
Em geral em vão... quantas lembranças de diversão frustrada foram geradas assim? Todo veterano dos tempos de poucos bits tem dessas desventuras para contar. 
Mas... nem sempre... 
Vez ou outra você era premiado com a grata surpresa de uma hidden gem subvalorizada- aquele joguinho injustiçado que merecia um pouco mais de reconhecimento e um lugar um tantinho mais alto ns prateleira. Aconteceu comigo um par de vezes.
A primeira não foi realmente comigo... um vizinho alugou "Werewolf: The Last Warrior", do NES, e me chamou para jogar no domingo. O jogo surpreendeu, sendo um clone de "Castlevania" bem razoável. 
Meu caso também foi com um jogo de Nintendinho. Eu nem cheguei tão tarde na locadora. Era hora do almoço ainda, mas naquele dia excepcionalmente quase todos os jogos já estavam com a maldita tirinha de papel rosa ou amarelo escrito "ALUGADO" enfiada nas caixas. De nariz torcido aluguei "The Goonies 2" e, felizmente, me surpreendi.
Olhando para o jogo se compreende meu ressabiamento inicial. Os gráficos passam longe de serem algo impressionante. Coloquei o cartucho para rodar inicialmente com aquele ar de "fazer o quê", o qual aos poucos virou genuíno interesse.
Nao que seja um dos meus jogos favoritos... não passa perto, mas é um plataforma com toques de adventure e RPG até legal. Os gráficos ajudam pouco, de fato, mas também não são de doer as retinas. É aquele jogo que você nem sabe dizer como nem porque, mas te pegou. Joguei bastante e um velho amigo, parceiro habitual de jogo, também curtiu. Só não avançamos mais porque é o tipo de jogo que ler o manual ajuda muito, e a locadora não disponibilizava os manuais para o jogador, e meu inglês aos 11 anos era menos que incipiente. Não fosse por isso garanto que teríamos ido mais longe!
Pois é... tem dias que nem a prateleira de baixo consegue fazer a sorte deixar de sorrir para você. Era raro, admite-se, mas até que esse tipo de coisa acontecia no tempo das locadoras.

15 de set. de 2020

Outro jogo (MUITO) ruim. Não recomendo nem para os seus filhos

 


Acho que não precisa dizer muita coisa sobre esse dinossauro com uma cara um tanto quanto suspeita.

Um brincadeira simples de pique-esconde, foi transformada em uma brincadeira em um mundo psicodelico, onde tem que encontrar as crianças que não estão tão escondidas assim.

Sons esquisitos e falas escrotas são emitidas pelo dinossauro com cara de tarado ou drogado, fica a gosto do freguês.

Jogabilidade horrivel que irrita até uma criança.


Pode ter sido feito com o intuito de instruir, mas não passa de um jogo medonho, com uma jogabilidade pior ainda.

"look, it´s a duck.", "Oh boy, a duck"

14 de set. de 2020

The Plasmas e seu álbum "NEStalgia"

 


Você tem um cantinho do seu coração seraparado só para as músicas dos jogos de 8 bits? Então o grupo chileno The Plasmas tem um grande presente para você: "NEStalgia"!

Lançado a pouco no site Bandcamp, "NEStalgia" é um álbum com versões rock'n roll de muitos clássicos do Nintendinho, o eterno herói de 8 bits. 

O álbum tem 38 faixas e é até meio manjado a que vou apontar como minha favorita... tem uma versão de "The Moon" de "Ducktales", a minha música de game favorita de todos os tempos! É a faixa 33, para quem quiser conferir logo. A faixa 16, com aquela música pauleira dos primeiros estágios de "Batman", e a 9, com a música tema de "Journey to Silius", também merecem destaque. Claro... independente do meu gosto pessoal, o álbum vale a pena ser ouvido como um todo. 

Para quem quiser conferir, segue o link abaixo:

https://theplasmasvgm.bandcamp.com/album/nestalgia

Espero que curtam as músicas tanto quanto eu curti. Divirtam-se!

4 de set. de 2020

10 jogos oldschool de sinuca

 Dando contiuidade a nossas listas de "Jogos de Velho", uma coletânea de jogos de sinuca para aqueles que tem o sonho secreto de serem o novo Rui Chapéu.

Mesmo que não faça a menor ideia de quem seja Rui Chapéu.

Se você não sabe, deve estar procurando no Google nesse exato momento. 

Não minta.


1- Side Pocket (SNES)


Para mim, sem dúvida o melhor jogo de sinuca da época dos 8/16 bits. A versão do SNES tem tudo d eprimeira...gráficos, jogabilidade... a campanha obviament é só uma desculpa para guiar o jogador de partida em partida, mas cumpre (e bem) seu papel. Se você gsta de sinuca é um clássico mperdível.
Fora isso, "Side Pocket" tem a tela de abertura mais bonita já feita. Um dia ainda terei um pôster dessa tela emoldurado na minha sala.
A versão do Mega Drive era boa também, mas nem tanto quanto a do SNES.

2- Minnesota Fats: Pool Legend (Mega Drive)


No Japão foi lançado apenas como "Side Pocket 2", mas nos EUA foi feita uma homenagem a lenda da sinuca Minnesota Fats (não, nunca tinha ouvido falar até jogar esse jogo). 
asicamente, Minnesota Fats é o Rui Chapéu dos norte- americanos.
E se você não buscou no Google quem foi Rui Chapéu no alto da página, provavelmente vai buscar agora.
Voltando ao jogo... o destaque para mm é sem dúvidaa trilha sonora toda em jazz. O jogo traz algumas novidades em relação ao primeiro (como uma nova modalidade de jogo) e a campanha é legal, onde você é um iniciante na sinuca que vai vencer de mesa em mesa até enfrentar Minnesota Fats em pessoa. No geral, é realmente um bom jogo, mas gosto mais do primeiro.
E é sério...a trilha sonora é ótima! Ouça! Tem no you Tube.

3- Championship Pool (NES, SNES, Mega Drive, PC)


Um jogo de sinuca bem feito e funcional, endossado pelo Billiard Congress of America. Tem tudo que alguém que curta sinuca espera, mas sem o charme da franquia "Side Pocket".

4- Break Time: The National Pool Tour (NES)


Francamente, tem coisa melhor para se jogar nese estilo do que "Break Time: The National Pool Tour". O jogo não é grande coisa, em especial devido aos controles pouco precisos. Só recomendado para os fanáticos por sinuca que ficaram sem ter outras opções de algo novo para jogar.
Pelo menos a capa é bonita...

5- Parlour Games (Master System)


Uma coletânea com  três jogos: bilhar, dardos e bingo.
Sim, bingo. Não estou de sacanagem.
Na minha opinião, só o bilhar vale a pena ser jogado, e mesmo assim tem coisa melhor em pouco bits para quem curte esse tipo de jogo. Não é ruim, mas nada extraordinário. Não dê importância aos outros dois.
Exceto se for para usar o bingo para manter a vovó em casa durante a pandemia...
Ah, e a capa japonesa é ótima! Dê uma olhada:

Um pouco datada em alguns detalhes, mas bem desenhada.

6- Trick Shot (Atari 2600)


Um jogo bem simplista com uma capa que parece mais um livro de física do ensino médio. Se alguma vez você já quis jogar sinuca com bolas não totalmente redondas, o momento chegou.
Brincadeiras a parte, não é um jogo ruim, se levando em consideração as limitações técnicas da época, mas ainda assim vale mais como curiosidade hoje em dia.

7- Virtual Pool (PC; Playstation)


Um simulador de sinuca em terceira pessoa bem feito. Para quem ficou enjoado das mesas 2D, é uma boa pedida, mesmo com os gráficos não tendo envelhecido tão bem assim.

8-Virtual Pool Hall (PC)


Basicamente um "Virtual pool" melhorado, com algumas coisas a mais. Gráficos melhores também.

9- Side Pocket 3 (Sega Saturn; Playstation)


O último jogo da franquia, já com gráficos poligonais. É estrelado pela campeã japonesa Kyoko Sone. 
Mais um clássico imperdível para quem curte sinuca.

10- Lunar Pool (NES)


O título mais diferente da lista! Um mistura de sinuca e mini golf em um pseudo-cenário de ficção científica. O jogo tem mais de 50 mesas diferentes, sendo algumas realmente muito doidas. Os fãs puristas de sinuca provavelmente não vão gostar, mas até que é divertido.  

Fechamos a lista. oas tacadas para todos e não xingue (muito) se encaçapar  a bola branca.

P.S: Antes que alguém pergunte, não, não sou um admirador do Rui Chapéu, Na verdade só sei que ele existiu por que meu pai comentou comigo uma vez enquanto assistia um campeonato de sinuca pela TV.