12 de out. de 2020

Divagações Oldschool: Dia das Criaças

 


Faz tanto tempo, mas parece que foi ontem. Dia das crianças era sinônimo de jogo novo- aliás, não só o Dia das Crianças! Qualquer data comemorativa significava a possibilidade e esperança de um cartucho novo na estante. O nosso Phantom System chegou no Natal de 89, por exemplo. O Mega Drive no Natal de 93, a primeira noite que meu rmão mais novo e eu viramos em claro na vida, empolgados jogando "Sonic the Hedgehog 2".

Dia das Crianças podia significar um cartucho só para os dois, ou, se os tempos eram de vacas gordas, um cartucho para cada. De qualquer forma dava briga... no primeiro caso tentando chegar a um meio termo, encontrando um jogo que agradasse igualmente aos dois. No segundo era uma irmão tentando influenciar a escolha do outro, tentando fazer que o presente alheio na verdade fosse algo que se queria também. Nunca deu resultado. Nem meu irmão nem eu conseguíamos dissuadir o outro a trocar a escolha feita. Foi assim com "The Jungle Book" do Mega Drive. Meu irmão fez de tudo para que eu não pegasse esse jogo como meu presente de Dia das Crianças. Fracassou. Depois acabou gostando e jogou bastante nas tardes pós-escola.

Cartuchos eram caros. Não era algo que se ganhava sempre, então nós dois e a maioria dos nossos amigos usávamos todas as cartas nas nossas mangas para conseguir jogo novo nas datas comemorativas. Volta e meia os pais tentavam oferecer outra coisa, apresentando algum outro brinquedo ou jogo de tabuleiro. Poucas vezes funcionava. Lembro de um menino de uma rua próxima que recusou, para a ira do pai, uma bicicleta em troca do cartucho que queria. Não lembro qual foi o jogo, mas lembro perfeitamente dos resmungos do pai do garoto quando a galera se reunia para jogar lá, na casa deles. Dizia que a gente não tinha infância, que ele nunca tinha ficado gastanto tempo na frente da TV no lugar de jogar bola, coisas assim.  Comprava, entretanto, os jogos que o filho pedia, então acho que as reclamações eram mais da boca para fora mesmo.

Ou talvez simplesmente tenha se dado por vencido. Eu estava ocupado demais jogando ou prestando atenção na tela, esperando a minha vez, para pensar muito a respeito.

Não moro mais lá, onde cresci. Nunca mais tive contato ou notícias do pai desse antigo colega. Será que ainda está vivo? Ainda mora por lá? Será que já tem um neto ou neta e fica reclamando da criança jogar videogame como antigamente? Não faço ideia... foi tudo a muito tempo atrás.

Mas parece que foi ontem.

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