21 de fev. de 2019

The King of Dragons



Até grandes produtoras tem seus jogos menores e a Capcom não é uma exceção. Um desses jogos de razoável qualidade e sucesso mediano lançados por essa gigante do mundo dos games é o jogo de arcade "The King of Dragons", lançao em 1991 e ambientado em um cenário de fantasia medieval quase clonado dos livros de "Dungeons & Dragons" e "Advanced Dungeons & Dragons".

História e Roteiro



Um roteiro sem originalidade, bastante familiar para qualquer um que tenha passado algumas muitas horas em uma mesa de RPG, mas que pelo menos é bem costurado, sem furos ou inconsistências.
Basicamente é uma história de "Mundo ameaçado por grande monstro poderoso", onde cabe aos heróis vencerem o mal e salvarem as terras dos homens, elfos e anões do perigo: O dragão vermelho Gildiss despertou e, como todo dragão vermelho que se preza, inicia uma onda de caos, fogo e destruição (não necessariamente nessa ordem) pelas terras do norte. Vilas são destruídas e castelos são tomados por Gildiss e seus asseclas. Por que? Porque Gildiss é um dragão e é isso que dragões fazem, ora.
Um heroico punhado de aventureiros decide partir de encontro ao dragão vermelho e pô-lo para dormir de uma vez por todas, devendo cruzar meio reino e enfrentar o exército monstruoso de Gildiss pelo caminho, além de dar uma ajuda a uma ou outra pessoa que esteja precisando, pois eles são heróis e é isso que os heróis fazem, ora.
Um detalhe legal é que, se você deixar a tela de início rolar sem iniciar o jogo vão aparecer umas cutscenes com NPCs tipicamente RPGísticos (como o dono de uma loja e um sujeito em uma taverna) passando adiante boatos sobre os ataques do dragão e os problemas enfrentados ao norte. Uma sacada bem legal e divertida, bem RPG, para explicar para os jogadores o objetivo do jogo!

Gráficos



Os gráficos de "The King of Dragons" são legais, mas é inegável que, se tratando de um jogo de arcade, deixam a impressão que são menos do que poderiam ser... Mesmo sendo um arcade do início dos anos 90, os gráficos poderiam ser mais vistosos, mais trabalhados e chamativos. Os gráficos de "The King of Dragons" parecem mais com os de um bom jogo de console doméstico de 16 bits do que com o que se via nos arcades da época-  "Golden Axe" , afinal, é de 1989!
Independente disso os gráficos agradam aos olhos. Os cenários são bonitos, com alguns detalhes que lhes dão mais graça (como o céu do anoitecer na luta contra o ciclope) e os sprites dos personagens são bem desenhados e contam com uma animação e movimentação até bem feita, embora sejam pequenos, em especial quando comparados aos sprites de outros beat'em ups daqueles tempos. 
Outro detalhe bacana é que, ao se encontrar algum NPC pelo jogo (como o guerreiro ferido no covil da hidra), uma imagem grande do personagem aparece no centro da tela, junto ao texto da fala. Os lábios chegam a se mexer, o que foi um detalhe bem caprichado.
Dentre os cenários, gosto em especial dos cenários subterrâneos, do templo onde se enfrenta o ciclope e das ruínas do minotauro, que lembram algo greco-romano. Já dentre os personagens, acho o visual do grupo de aventureiros muito legal, bem clássico! Os inimigos de fase são bons como um todo, mas quem se destaca mesmo são os monstros maiores, como a hidra, o wyvern ou os minotauros com machados gigantes.

Música e Efeitos Sonoros

Assim como o roteiro do jogo, tanto as músicas quanto os efeitos sonoros são bem típicos do gênero fantasia medieval. São bem feitos, cumprem sua função mas nada muito inspirado ou marcante. As músicas pelo menos são variadas (embora uma outra se repita em fases diferentes) e realçam o tom épico e aventuresco do jogo. Não ficariam mal como música de fundo para umas partidas de RPG de mesa ou jogos de tabuleiro como "Hero Quest".
A música de abertura é bem épica e sem dúvida a minha favorita, seguida da música do chefão da 10o fase, as wraiths. Infelizmente nenhuma delas é muito longa e logo entram em looping.

Controles e Jogabilidade


 Os controles são bastante responsivos, o que é essencial para jogos beat'em up e são até bem simples: um botão de ataque comum, outro de pulo e apertando os dois ao mesmo tempo usa-se magia. O único senão é o uso do escudo do clérigo, anão e guerreiro para se defender... para boquear um golpe deve-se apertar o direcional na direção oposta ao do oponente (se você estiver sendo atacado pela direita deve apertar o direcional para esquerda, por exemplo) bem no momento em que o inimigo desfere o ataque. O timing tem que ser perfeito e é bem chatinho de se pegar o jeito. na verdade.

Dificuldade


A dificuldade em "The King of Dragons" é equilibrada. Nem demais, nem de menos. Como em todo beat'em up, jogar com mais alguém ajuda muito- e em "The King of Dragons" podem jogar três ao mesmo tempo!
Alguns chefes, como as aranhas gigantes ou o cavaleiro negro, são mais enjoados de se derrotar. Outros são mais fáceis do que parecem, como o rei orc ou as wraiths. Os inimigos e fase em si não são realmente complicados de se lidar, mas causam problemas quando em grande número ou em algumas combinações de tipos de monstros que, juntos, dão mais trabalho que isolados, como quando orcs aparecem junto com os montadores de dragões.
O jogador pode escolher entre cinco personagens diferentes: Guerreiro; Clérigo; Mago, Anão e Elfo. Cada um tem seus pontos fortes e fracos- o Elfo, por exemplo, tem o ataque mais rápido e que tem o maior alcance, mas tem pouca energia e resistência, enquanto o clérigo tem ótima defesa e um ataque bem razoável, mas é muito lento, e por aí vai. Pelo menos para mim, nenhum é realmente melhor que o outro, dependendo mais do estilo de jogo de cada jogador.
"The King of Dragons" também possui alguns elementos de RPG, como subir de nível (que aumenta os pontos de vida, entre outras coisas) ao se conseguir pontos de experiência suficiente matando monstros ou coletando tesouros. Sim... isso é muito "Dungeons & Dragons"!
Por fim, para facilitar o andamento do jogo, pode-se aumentar os níveis de armas, escudos, anéis de proteção e flechas se coletando power ups em alguns momentos específicos, além de itens que recuperam energia, como comida ou poções de cura. Um detalhe mais criativo é a possibilidade de encontrar esferas mágicas que, uma vez quebradas, libertam algum feitiço, como transformar inimigos em sapos. Bem divertido!

Comentário Final


"The King of Dragons" é um jogo divertido, embora não seja a nem de longe coisa mais excepcional lançada para os arcades nem um grande marco para o gênero beat'em up. Nenhum elemento do jogo é realmente original, mas por outro lado são bem utilizados e encaixados. O forte do jogo é realmente a ação e nisso ele cumpre seu papel, além de que a gama até variada de personagens para escolher é um fator de rejogabilidade considerável. 
No geral, "The King of Dragons" é um daqueles títulos para serem jogados sem se criar muita expectativa, como um passatempo despretensioso mas que ajuda a passar o tempo de forma apreciável. É especialmente recomendado para fãs de fantasia medieval e fanáticos por beat'em ups.

NOTA: 6,5

P.S 1: O título teve uma versão lançada para SNES lançado em 1994, com algumas mudanças tanto na  estética (os sprites são um pouco mais atarracados e menores) quanto na jogabilidade em si (um botão específico para usar o escudo, etc). 

P.S 2: "The King of Dragons" é um dos sete jogos que fazem parte do "Capcom Beat'em Up Bundle", disponível na loja virtual Steam.

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