11 de out. de 2018

Circus Charlie


O circo é um cenário comum em vários jogos de videogame oldschool, as vezes tornado algo sombrio, as vezes como pura festa (desde que se lembre que nos anos 80 truques com animais em circo não era considerado maus- tratos... era outra época). "Circus Charlie", lançado pela Konami originalmente como um arcade e ganhando uma versão para o NES apenas no Japão em 1986, é um singelo exemplo desse segundo caso. 

História e Roteiro


Como era de praxe nos jogos de arcade dos anos 80 centrados em conseguir pontos tem-se um arremedo de história para colocar a ação para rolar. Em "Circus Charlie", você controla um jovem palhaço chamado Circus Charlie que deve se apresentar para um circo lotado, realizando uma série de números acrobáticos.
Aliás... Circus Charlie aparentemente é o único artista dessa droga de circo... o cara tem que fazer tudo que é truque que existe, um seguido do outro! Não tem ninguém mais disponível nesse lugar, não?


Gráficos


Para um jogo tão antigo os gráficos são surpreendentemente agradáveis! São simples? Obviamente que sim, mas são agradáveis. O protagonista, em especial, é bem divertido, com uma combinação de cores bem lúdica, e sua animação é bem fluida para a época. Os animais que interagem com ele, como o leão, os macaquinhos e o cavalo, são bem desenhados (quer dizer, o cavalo é mais ou menos... parece um boneco de pano meio mal-ajambrado...), dando para dizer no ato qual membro do reino animalia eles são, enquanto em alguns outros jogos da época os animais pareciam mais com mutantes alienígenas.
Os cenários são bem simplistas mas cumprem sua função. O único cenário de fundo do jogo todo é um circo, com sua arquibancada e elefantes- e aparentemente esse é o maior circo do mundo em extensão, além de deter o recorde mundial no que toca ao número de elefantes adestrados no elenco! Toda hora aparece um no fundo, entre as cortinas vermelhas! E preste atenção na arquibancada! Já a viu em algum lugar? É a mesma de "Excite Bike", apenas levemente alterada com as entradas acortinadas para o picadeiro.
Uma última coisa a dizer sobre os gráficos é que "Circus Charlie", dentre os jogos de "tela preta" do NES, é um dos que possui a tela inicial mais bonita. É minimalista, como todas o são, mas consegue captar bem o espírito circense!

O circo chegou na cidade!
Música e Efeitos Sonoros


As músicas também são surpreendente agradáveis. São músicas um pouco repetitivas, mas alegres e com um tom circense. Destaque para a música da fase 5, uma versão 8 bits de um trecho de "Danúbio Azul" de Strauss. Realmente foi uma surpresa ouvir uma valsa de Strauss em um jogo de NES- se bem que a trilha sonora de "Captain Comic" é toda composta de músicas clássicas, mas como não é um jogo oficial do NES, então acho que não conta...
Já os efeitos sonoros são sem inspiração, limitados e genéricos... a salva de palmas ao fim de casa fase parece mais´com os gritos de uma revoada de pássaros roucos do que com pessoas empolgadas aplaudindo.

Controles e Jogabilidade

Os controles são bem simplistas- direcional para esquerda ou direita para mover o palhacinho nessa direção e os botões para saltar- até porque "Circus Charlie" é um daqueles jogos bem simples, de se ir do ponto A para o ponto B, com alguns pulos pelo meio do caminho. No geral a resposta aos comandos é OK, mas espere alguma derrapada em um salto ou outro. Nada demais. Só uma questão de pegar o jeito.

Dificuldade


No geral "Circus Charlie" não é um grande desafio. Até a fase 3, nada demais em termos de dificuldade, enquanto na fase 4 a curva dá uma subida bem acentuada, levando-se mais tempo para pegar o momento certo de saltar e coisas assim. Nada impossível, entretanto, apenas um pouco enjoado.
O jogo conta com cinco estágios, e em cada um deles temos uma peripécia circense diferente:

* Fase 1: Circus Charlie deve saltar por arcos de fogo montados nas costas de um leão. Pegue sacos de dinheiro para ganhar pontos extras.
* Fase 2: Charlie deve atravessar a corda bamba, saltando por cima de macacos pelo caminho. Salte por cima de um macaco azul e ganhe pontos extras.
* Fase 3: Charlie deve alcançar a plataforma na outra ponta do circo se equilibrando em cima de bolas e saltando de uma para outra. Salte sobre uma bola e aterrisse na que vem atrás para ganhar pontos extras.
* Fase 4: Charlie cavalga em um veloz cavalo branco enquanto salta por cima de plataformas com molas, até alcançar a plataforma
* Fase 5: Charlie deve cruzar os céus do circo pulando de um trapézio para o outro.

Esse jogo é daqueles que  não tem final, recomeçando com dificuldade ampliada após a fase 5.

Comentário Final


"Circus Charlie" até que é um jogo divertido, mas é bem limitado. Não há nada nele para prender o jogador por muito tempo, não sendo daqueles títulos que se joga por horas seguidas, exceto se você for um maníaco por pontos que tenta a cada partida conseguir um score maior que na anterior e adora bater recordes. É daquele tipo de jogo meio casual, que você até gosta e joga algumas partidas de vez em quando, mas fica bastante tempo sem voltar a olhar para ele, em geral só o jogando de novo naqueles momentos em que você quer jogar alguma coisa, mas não está conseguindo manter a concentração nem está com interesse em nada em especial.

NOTA: 5,0

* Curiosidade 1: Apesar de nunca ter sido lançado oficialmente no ocidente, "Circus Charlie" era um jogo que se achava com razoável frequência naqueles multi-cartuchos não oficiais, não sendo, portanto, um ilustre desconhecido por aqui.

* Curiosidade 2: O arcade contava com uma fase a mais que a versão do NES, onde Circus Charlie devia pular de um trampolim para outro enquanto desviava dos ataques de arremessadores de facas e cuspidores de fogo (ou de golfinhos saltadores, após passar pela fase 5 pela primeira vez), sendo essa originalmente a fase 3 do jogo.

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