18 de jul. de 2020

Divagações Oldschool: A Última Vez


Qual foi o último jogo que você alugou? Pode parecer inacreditável, mas lembro até hoje qual foi minha última "fita" alugada.
"The Incredible Hulk", do Mega Drive.
Jogo mediano, pelo que me recordo. Nunca mais o joguei de novo depois da locação. Para o relativo pouco tempo que fiquei com o cartucho (um final de semana, apenas), até que cheguei razoavelmente longe, tendo estancado na luta contra o chefe da 3o fase, o Homem- Absorvente. O jogo não era dos mais fáceis, até porque em considerável parte dele você jogava com o Bruce Banner, e o doutor era quase inútil como herói... mesmo quando conseguia uma arma, ela só dava uns dois disparos antes de se tornar inútil... enervante... E toda fase você ainda tinha que encarar o Abominavel como su´b-chefe, mais ou menos lá pela metade do estágio.
Eu imaginei que aquela seria a última vez que alugava uma "fita"? Não, não fazia ideia. Não teve nada  de cerimonioso, nem de ritual de despedida. Eu simplesmente peguei o jogo meio ao acaso no sábado, por parecer a melhor opção dentre as disponíveis e levei para casa. Joguei e entreguei na segunda- feira junto com os filmes que minha família tinha alugado, como já havia feito tantas vezes antes. Saí da locadora e fui cuidar da minha vida, sem pensar mais no assunto.
Por que não aluguei mais nenhum jogo? Por diversas razões... muitos fatores atuando ao mesmo tempo...
Fui ficando cada vez mais ocupado com outras coisas e jogava cada vez menos (antes de alugar "The Incredible Hulk" eu estava a uns dois ou três finais de semana sem alugar jogo algum). O ano do vestibular já estava ali, na soleira da porta e eu precisava estudar com mais afinco. Trabalhei meio período em alguns lugares. Coisas assim.
Como nos jogos de videogame, o tempo é escasso, passa rápido e as fases se sucedem. As coisas foram correndo, mudando, se acumulando, e fui deixando para ir na locadora "no final de semana que vem", depois "em outra ocasião" e depois simplesmente "depois".
Depois. Aquele "depois" que nunca chega. E só passados muitos anos é que fui perceber que, ao entregar aquele jogo e fechar aquela porta de vidro emoldurada em madeira cheia de adesivos, eu não tinha apenas deixado sobre o balcão uma caixinha de plástico preta com uma "fita" dentro. Era um  período, um momento, da minha vida que ficava para trás.

2 comentários:

  1. O texto é lindíssimo e vale muito como registro de uma época recente mas já tão distante. Parabéns?

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    1. Muito obrigado! Que bom que o texto agradou! Se tudo der certo em breve estará em um livro com minhas lembranças dessa época, relacionadas aos videogames.

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