10 de jul. de 2020

A Sachen e seus jogos não licenciados de NES


Se você teve um NES-clone é extremamente provavel que tenha, em algum momento, rodado nele um cartucho da Milmar, uma empresa brasileira que produzia consoles & correlatos.
Apesar de produzir os cartuchos (ou "fitas", como nós chamávamos na época) a Milmar não produzia os jogos, limitando-se a utilizar material desenvolvido por terceiros e que, muitas vezes, sequer era licenciado- embora na época a maioria de nós não tivesse a mínima noção dessas coisas... jogo era jogo e caso encerrado...
Dentre os jogos lançados por aqui pela Milmar, muitos deles foram obra de uma desenvolvedora de Taiwan chamada Sachen, ou Tin Chen Enterprise, ou Joy Van... dá tudo na mesma... e sim... eu só vim a saber disso mais de uma década depois... naquele tmpo a única coisa que eu lia as telas de abertura dos jogos eram o título e a plavra START. Joguei muito jogo taiwanes e nem fazia ideia.
E os jogos da Sachen são bons? Olha... a primeira coisa é que para avaliá-los melhor, eu tenho que tirar os óculos da nostalgia e isso é algo que se consegue completamente? Difícil... o que posso dizer é que os jogos variam de muito ruins a passáveis, com um único realmente legal para contar como exceção. Mesmo os passáveis tem aquele ar trash, entende? Tipo filme de baixo orçamento mas que você acaba, de certa forma, gostando.

A maior parte dos jogos da Sachen eram variantes de mahjong (se você gosta, vai fundo) ou jogos de cartas sem muito polimento. Nem lembro se esses chegaram aqui. Os que joguei eram temáticas mais "tradicionais" para a molecada do início dos anos 90: corrida, aventura, jogos de avião e alguns puzzles. Vamos dar uma rápida olhada naqueles que joguei, alguns  em cartucho (em todos da Milmar) na época dos NES- clones, outros posteriormente. 

- Gaiapolis: Um port não-autorizado de um arcade da Konami, feito na maior cara de pau! É surpreendentemente legal e o melhor jogo da Sachen. O estilo de jogo lembra "The Ninja" do Master System, com uma visão de isonométrica e capacidade de movimentar por oito direções diferentes, mas os ataques básicos dos heróis de "Gaiapolis" são golpes com armas de curta distância.



A história é legal, e os gráficos, músicas e sons, mesmo longe de serem de excelência, não são ruins, estando acima da média para jogos não licenciados. Acho que é o úico jogo da Sachen que eu recomendaria ser jogado hoje em dia sem ser por nostalgia ou curiosidade.

- Pyramid: Um clone de "Tetris", mas com peças triangulares. Os gráficos da tela de abertura e do cenário de fundo são toscos, mas os do jogo em si são passáveis e, como puzzle, "Pyramid" não é ruim. Se você curte Puzzles, dê uma conferida. O jogo teve uma continuação, "Pyramid II", um pouco mais caprichada e também vale a curiosidade dos puzzle-maníacos.


Eu acho a arte da capa muito bonita- é engraçado que alguns jogos não licenciados tinham artes de capa até melhores que muitas de jogos oficiais!

-Metal Fighter: Um jogo de ação estilo run-&-gun em um cenário de ficção científica. Foi lançado aqui no ocidente pela (merecidamente) infame Color Dreams. "Metal Fighter" é geralmente apontado como um dos melhores jogos da Color Dreams e um dos melhores desenvolvidos pela Sachen, o que basicamente é a mesma coisa que dizer que o Moe era o mais inteligente dos Três Patetas. 


Brincadeiras a parte, é um jogo passável e pode render alguns momentos de diversão.

- Chinese Kungfu/ Challenge of the Dragon: Um beat'em up estilo "Double Dragon", mas infinitamente inferior e com gráficos e jogabilidade fraquinhos. Só vale como curiosidade para aos fanáticos por esse gênero de jogo.


Tem um jogo diferente da Color Dreams que também é chamado "Challenge of the Dragon", só que é um jogo de aventura em um cenário de fantasia medieval. Já  aviso que o "Challenge of the Dragon" da Color Dreams é tão fraco quanto seu xará da Sachen.

- Master Chu and the Drunkard Hu:  Um jogo de aventura aparentemente inspirado naqueles filmes de kung fu velhos. Um jogo medíocre que deixa a impressão que, com recursos financeiros e técnicos adequados, poderia ter sido algo até legal.


Esse eu tenho certeza que saiu aqui pela Milmar.

- Little Red Hood: Um jogo de aventura confuso, esquisito e com gráficos feios. 


Evite esse jogo feito a peste.

- Silent Assault/ Raid: Um clone pobre de "Contra" ou "Rush'n Attack". O melhor do jogo é o sprite do herói, que é até legal- em compensação o resto dos gráficos não é grande coisa... prepare-se para ver alguma das piores montanhas já feitas em jogos de 8 bits. E a tela de abertura parece os soldadinhos de "Toy Story" após serem pisoteados por alguém...



Não chega a ser um jogo ruim de fato, mas suas limitações o fazem interessante como uma curiosidade apenas para os fanáticos pelo gênero Run-&-Gun.

- Twin Eagle/ Double Strike: Aerial Attack Force: Um "joguinho de navezinha" medíocre.


Sidewinder/ Mission Cobra: Esse era o jogo da Sachen mais popular na rua onde eu morava quando moleque, mesmo que ninguém soubesse o que raios era Sachen. A gurizada se amarrava nesse SHMUP de helicópeto simples e um tanto medíocre, mas que até diverte um pouco. Seu grande problema é só ter 3 fases, repetidas em looping a partir do estágio 4. O jogo sequer tem um final verdadeiro!


Esse teve cartucho lançado aqui pela Milmar. Lembro bem disso.

-Jovial Race: Um clone pobre de "Rally-X" da Namco. Também teve cartucho desse jogo por aqui graças à Milmar. 



O jogo em termos de gráficos, música & correlatos está bem abaixo do impressionante, mas até que não é um jogo ruim. Segue bem a risca o que "Rally-X" era nos arcades, em uma produção baixo orçamento. Se você gosta de jogos de corrida estilo "labirinto", dê uma chance (até porque é um dos poucos títulos do NES desse estilo).

- Galactic Crusader/ Incantation: Um SHMUP que, para um jogo não licenciado, até que não está ruim. É passável. Acho os gráficos um pouco acima da média.


- Street Heroes: Um filho bastardo e deserdado de "Street Fighter II" e "Samurai Shodown". Só jogue por extrema e mórbida curiosidade.


- Q- Boy:  Um plataforma até interessante, mas mal polido, esquisito (o salto duplo do protagonista é a base de fratulência e seu ataque é um espirro) e trash



Não é tão ruim (para um jogo não licenciado) e é outro que dá aquela impressão de que com um pouco mais de recursos e infraestrutura poderia ter rendido alguma coisa. Para os fãs de plataforma vale a curiosidade e diverte um pouco.

- Thunder Blast Man/ Rocman X:  Um clone da franquia "Megaman", armado com um bumerangue. É até passável, mas alguns dos inimigos de fase demoram muito para serem derrotados. 



Falta polimento e tudo mais, o que não é de surpreender de um jogo não licenciado taiwanes... O que foi dito para "Q- Boy" nesse quesito vale para "Thunder Blast Man" também.

- Jurassic Boy: Na tela de abertura diz "Jurassic Boy 2", sabe-se lá porque... um clone capenga de "Sonic the Hedgehog". Corra dese jogo.



- Tagin' Dragon:  Um jogo de dragões correndo semi-aleatoriamente um atrás do outro. Ruim demais. Um dos piores puzzles que já vi.


- Hell Fighter: Esse é difícil de classificar... é tão trash que chega a ser cult... um jogo de aventura estilo plataforma com temática de terror. Basicamente é "lute para salvar o mundo de Satã em pessoa". O jogo tem os problemas usuais dos jogos não licenciados, é mal polido (em especial nos gráficos) e etc, mas vale uma olhada. Esse realmente tinha potencial para ser algo mais.


Chega por hoje.. Já falei demais de jogo velho não licenciado... De repente um dia eu volto no assunto. Talvez não.
 Até a próxima e bom jogo a todos- se bem que, se você quiser jogar "Little Red Hood" ou "Tagin' Dragon", isso será virtualmente impossível...

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