16 de jun. de 2018

Realms of Chaos


Ao contrário dos consoles domésticos, plataforma nunca foi um estilo de grande destaquenos computadores, acabando ofuscado pelas miríades de jogos point-and-click, first-person shooter (FPS) ou estratégia. Isso não significa que não houve bons títulos desse gênero lançados para essa plataforma... "Prince of Persia",  "Claw", "Oddworld: Abe's Odissey" e "Pandemonium" estão aí para provar- e isso sem contar um bom punhado de jogos bons, ou apenas "mais-ou-menos", hoje esquecidos (ou quase).
Boa parte desses jogos semi- esquecidos dos anos 80 e 90 saíram das mãos da Apogee, como "Realms of Chaos", um jogo de aventura em um mundo de fantasia medieval que parece saído das histórias de Conan, o Bárbaro e dividido em três capítulos- o primeiro distribuído como shareware- lançado em 1994.

História e Roteiro


O jogo possui um típico roteiro de "heróis contra o caos que se espalha", mas com um ar que se aproxima mais do sword-and-sorcery (espada-e-feitiçaria, em tradução livre) das antigas revistas pulp onde Robert E. Howard pubicava do que de da high fantasy/ alta fantasia de J.R.R Tolkien.
Em "Realms of Chaos", uma sombra misteriosa surge sobre o mundo de Mysteria e seus habitantes começam a se transformar em bestas agressivas, prontas para derramar sangue (não necessariamente nessa ordem), isso ocorrendo até em reinos outrora aliados dos humanos, como a terra do povo gato, Mryaal, e o reino subterrâneo dos goblins. 
Como desgraça pouca é bobagem, tudo fica ainda pior quando uma raça desconhecida e violenta ataca o reino dos Homens, sendo rechaçada com dificuldade, embora tenha ficado claro que outro ataque era apenas questão de tempo (as coisas nunca são fáceis para reinos humanos em mundos de fantasia medieval).
Dois heróicos irmãos, o guerreiro Endrick e a feiticeira Elandra, partem em uma jornada pelos reinos para descobrira causa de tudo e salvar seu mundo da negra sombra que o engolfa. 
Isso soou tão épico, não?

Gráficos


Os gráficos são muito bons para um jogo de 1994. Os cenários são bastante detalhados, com algumas coisas bem legais, como o reflexo das plantas e árvores na água da fase do pântano ou as silhuetas de montanhas e árvores vistas ao longe contra o céu.
Os sprites dos heróis são austeros, como bem cabe a uma dupla de aventureiros mercenários, mas bem-feitos, dando para se ver inclusive os olhos de Endrick e Elandra. Os sprites dos inimigos, em especial dos chefes de fase, são bem legais de se ver- gosto em especial dos guerreiros  do povo gato usando capas que aparecem no primeiro capítulo do jogo. A grande exceção seria para o sapo gigante da fase do pântano... não é tão ruim assim, mas se parece mais um bicho de pelúcia mal feito do que com uma criatura monstruosa de um charco esquecido...
O ponto fraco dos gráficos de "Realms of Chaos" é a animação e movimentação dos personagem, um tanto travada e engessada, pouco fluida até em comparação com vários jogos do Mega Drive e do SNES daquela época. Não é algo que chega a estragar o jogo, mas podia ser melhor.

Música e Efeitos Sonoros

As músicas variam de medianas a boas. Gosto mais da trilha sonora do terceiro capítulo, "Foray Into Fire", as quais tem um tom levemente gótico. 
Os efeitos sonoros para a época eram de impressionar, mas hoje estão obviamente envelhecidos. Alguns ainda são legais, como o som do golpe da espada de Endrick, e a maioria não chega a incomodar, mas... o grito na tela de abertura, ao se apertar o botão para chamar o menu, provavelmente provocará risos em jogadores mais novos- e nos mais velhos também. 
Pelo menos eu ri...

Controles e Jogabilidade


A jogabilidade tem pontos altos e baixos. O ponto baixo é que é um jogo da primeira metade dos anos 90, logo em alguns momentos a resposta dos controles pode não ser tão afinada, e aquele salto fácil acabar te mandando para o fundo de um abismo. Isso era mais um problema da época do que desse jogo em especial, e até que em "Realms of Chaos" isso ocorre com bem pouca frequência.
O ponto alto da jogabilidade é aquilo que coloca "Realms of Chaos" um degrau acima dos típicos jogos de plataforma com heróis medievais da época... é possível trocar de personagem em qualquer momento do jogo, alternando entre o guerreiro, cujo ataque faz mais dano e tem mais energia, e a feiticeira, que ataca a longa distância e em mais direções  (cuidado! os ataques de Elandra consomem cristais e ela não tem outros ataques além da magia!) e também salta mais alto. Dependendo do trecho da fase em que se estiver, você precisará usar um ou outro para poder prosseguir, o que deixa o jogo mais dinâmico e interessante.


Dificuldade


Ainda mais se considerarmos a média da época em que foi lançado, "Realms of Chaos" não é um jogo dos mais difíceis. Tem alguns pontos com um salto mais enjoado de se fazer; outros com um pouco de tentativa e erro; os power- ups do jogo não fazem lá muita diferença e alguns dos secrets/ segredos (geralmente aposentos ou locais escondidos com itens ou cristais) são meio chatos de se encontrar, mas, no geral, nada demais. A curva de dificuldade só sobe de forma um pouco mais abrupta nos chefes de fase... os chefes, em termos de dificuldade, são desproporcionais ao resto do jogo, mas é só o caso de pegar o jeito de cada um. Se você jogou jogos jogos de séries como "Shinobi" ou "Ninja Gaiden" já viu coisa pior.

Comentário Final


Você gosta de jogos de plataforma? E de fantasia Medieval? Das duas coisas? Então jogue. Poderá não ser a coisa mais marcante ou extraordinária que você já jogou, mas é um bom jogo e você vai se divertir. Se você não curte essas duas coisas especificamente, mas gosta de ação, "Realms of Chaos" poderá te distrair por algum tempo, desde que você não o julgue pelos padrões de jogos de ação atuais, muito mais velozes e com ritmo bem mais rápido. Se essas forem suas prioridades... o que posso dizer é que esse é um jogo bem old school com mais de 20 anos, e talvez seja melhor você buscar algo mais novo.

NOTA: 7,0

P.S: "Realms of Chaos" se encontra disponível para compra tanto na loja Steam quanto na GOG. Comprei o meu um tempo atrás durante uma promoção.

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