27 de mar. de 2014

Kung Fu Kid

   

   Todo console tem sua cota de "hidden gems", jogos muito legais que receberam menos atenção ou reconhecimento do que mereciam.  aqui no Brasil, um dos poucos países onde o Master System fez sucesso, nomes como "Jogos de Verão", "Shinobi", "Great Soccer", "Rambo III" e "Castle of Illusion" vivam na boca da rapaziada. Não lembro, entretanto, de ninguém comentar algo sobre "Kung Fu Kid". Eu mesmo só tomei conhecimento desse jogo uns poucos anos atrás.
   O que é uma pena...
   Lançado no Japão originalmente como "Makai Retsuden" em 1987 pela própria Sega, o jogo chegou ao ocidente ainda no mesmo ano, mas rebatizado como "Kung Fu Kid". É a continuação de outro jogo da Sega, "Dragon Wang", lançado para um console anterior, o SG-1000. O nome um tanto pueril que o jogo recebeu nesse lado do planeta talvez tenha sido um dos responsáveis pela recepção pouco calorosa na época... Vai saber...


História e Roteiro



   O roteiro é de uma época onde lutas e aventuras estavam em alta, tendo todas as características básicas do período: Um herói corajoso, um vilão maligno, um objetivo nobre a ser alcançado, seres fantásticos e cenários devaneantes. Está tudo lá, pode conferir! 

   Tempos atrás, no oriente, um ser maligno, Madanda, acorda de seu sono de centenas de anos. A frente de um exército de seres sobrenaturais por ele convocados, Madanda ameaça uma indefesa vila e seus habitantes. Um destino terrível os aguarda: servirem de alimento para a fome milenar da criatura.
   A única esperança reside em Wang, jovem lutador de extremo talento, considerado o mais habilidoso de toda a China. Munido de nada mais do que seus vigorosos chutes e voadoras, além de um ou outro eventual amuleto Ofuda, Wang deve enfrentar Madanda e seus asseclas que parecem saídos da mitologia oriental em seu próprio território, cruzando florestas de bambu, palácios e templos amaldiçoados.

   Obviamente tinha que ter uma fase passada em uma floresta de bambu. Jogo que se passa no oriente e não tem uma fase em uma floresta de bambu não tem graça.

Gráficos


   Muito bons. Coloridos e detalhados, com ótimo trabalho pixelado. As sprites dos personagens são bem feitas, e os golpes de Wang são bem vistosos. Os cenários tem alguns detalhes muito legais, como o mosaico de dragão oriental ao fundo de uma das lutas contra chefe de fase, ou o cenário formado por paredes de azulejos azuis com desenhos. 
   Tudo é realmente bem feito e demonstra um esmero notável da equipe que criou o jogo, ainda mais se levarmos em conta que era um console de apenas 8 bits.

Música e Efeitos Sonoros

   Músicas com cara de filme de kung fu antigo, em especial a da abertura. Combina feito uma luva no jogo e vai te embalar enquanto você corre, salta e chuta fases adentro. Os efeitos sonoros não deixam a desejar. Tudo se encaixa bem, o ritmo, o estilo, os arranjos, complementando os gráficos adequadamente.

Controle e Jogabilidade


   Sem problemas nesse quesito. Os controles são fáceis de pegar e respondem sem maiores problemas, mesmo com as limitações de hardware da época. Pode ocorrer uma pequena falha na detecção de dano aqui ou ali, mas de forma alguma é algo que comprometa o jogo.
 No que toca os controles, o que mais se deve prestar atenção é na forma de arremessar os amuletos. Em geral os golpes são bem intuitivos de serem feitos.

  • Direcional para esquerda e direita: Move Wang nessa direção
  • Direcional para baixo: Agachar
  • Direcional para cima: Sozinho, nada em especial. Necessário para arremessar o amuleto (confira abaixo).
  • Botão 1: Salto. Segure o botão para saltar mais alto.
  • Botão 2: Chute.
  • Direcional para baixo + chute: Wang aplica uma rasteira. Útil contra inimigos pequenos.
  • Saltar + segurar botão de chute no ar: Voadora. golpe muito eficiente.
  • Saltar em uma parede e ao encostar nela saltar de novo: Wang usa a parede como apoio para saltar mais alto ou em outra direção. Necessário para alcançar alguns locais durante o jogo.
  • Para Cima + botão 1: Arremessa um amuleto. O talismã é a única forma de derrotar um inimigo específico do jogo. Fique atento.
Dificuldade


   Ao contrário da maioria de jogos da época de 8 bits, "Kung Fu Kid" consegue equilibrar muito bem a equação Desafio + Diversão. O jogo não tem um nível de dificuldade absurdo ou injusto, mas é o suficiente para evitar monotonia. Existem alguns Power Ups bem escondidos espalhados pelo jogo que podem ser úteis, mas fui capaz de vencer o jogo sem eles. Mesmo as partes mais difíceis desse jogo não se comparam a verdadeiros pesadelos de 8 bits, como o castelo de Janken em "Alex Kidd in Miracle World" ou as últimas fases de "Ninja Gaiden".

Comentário Final


   O jogo envelheceu bem. Não tem nenhuma inovação ou característica extremamente marcante, mas é muito bem feito e divertido, sendo seu maior defeito ser um tanto curto. É um jogo leve e gostoso de se jogar, excelente para passar o tempo em uma tarde chuvosa, e com certeza merecia mais reconhecimento. Recomendado a todos que gostem de jogos plataforma de aventura, jogos de luta, mitologia oriental e animes shonen, além de jogadores oldschool como um todo.

NOTA: 8.5

CURIOSIDADE 1: "Kung Fu Kid" foi remodelado e relançado no fim da vida útil do Master System no Brasil como "Sapo Xulé: O Mestre do Kung Fu", sendo virtualmente o mesmo jogo, apenas substituindo o sprite de Wang por um do Sapo Xulé vestido com um kimono branco, bem menos caprichado que o do protagonista original. Essa versão será solenemente ignorada e não será resenhada aqui no OSD, pelo menos por mim.

CURIOSIDADE 2: Talismãs Ofuda são pequenas tiras de papel, ou pequenas placas de madeira ou outro material, com inscrições de cunho religioso, geralmente o nome de algum kami (divindade xintoísta) e do templo onde foi feito. Servem para proteção contra males em geral, inclusive doenças e podem ser pendurados em portas, etc. Aparecem comumente em animes e mangás, como por exemplo em "Sailor Moon"onde são usados pela Sailor Marte como armas contra seres sobrenaturais.

4 comentários:

  1. Kendier, velho amigo... é você mesmo? Do Dotaku e do ICBJ?
    Esse jogo é muito bom mesmo. O próximo review do Master system também será d eum jogo inspirado no antigo oriente, e bastante querido pelos otakus e jogadores mais antigos: KENSEIDEN!

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  2. Excelente review. Parabéns.

    Engraçado que semana passada brinquei um pouco com esse "hack", o Sapo Xulé.
    Uma curiosidade que tenho é saber quais são os jogos originais que foram oficialmente (?) hackeados aqui. Só do Xulé tem 03.:)

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    Respostas
    1. Obrigado, Luiz.
      Agora... cara, você deve ter algum nível de poder psíquico ou algo assim... RD e eu conversamos hoje em fazer um especial só falando disso.
      Só adiantando um pouco, o caso mais famoso foi o do Super Mario Bros. 2/ USA, que originalmente era um jogo chamado Yume Kōjō: Doki Doki Panic

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