2 de nov. de 2019

Divagações Oldschool: Memories... (ou "Eu, os animes, mangás, eventos e tudo mais") (3)



(PARTE III)

Além de assistir os desenhos, os eventos serviam para a aquisição de “contatos” e realização de trocas (coisas do tipo “gravo para você a série “Ah! Megami Sama” em troca de “Bastard”!). Bati muito papo, ri bastante, fiz vários amigos naquele tempo, dos quais atualmente tenho contato com apenas um, e desses eventos guardo algumas das melhores lembranças da minha adolescência. 

Era comum após o evento eu ir a lanchonete com o pessoal que organizava e outros frequentadorespara continuar conversando. Não vou mentir, sinto uma saudade grande dessa época, e ainda mais porque sei que essa época passou. Esse tipo de evento não existe mais e nem acho que teria “espaço” para ele, nem interesse dos fãs atuais. Como disse alguém que eu conhecia, essa época passou, foi muito boa, nos divertimos bastante, mas passou...

Sei disso, o que não significa que goste da idéia. Por vezes preferia que a coisa continuasse como era lá pelos meados da década de 90. Mas provavelmente isso se deve ao fato de eu estar ficando velho e estar desenvolvendo a terrível síndrome do “no meu tempo”.

Enfim, voltando ao assunto... Em 1997 estreou na Rede Manchete aquele que até hoje é meu anime favorito: “Yu Yu Hakusho”, com uma mistura perfeita de ação, luta, comédia e romance, somados a um traço muito legal, boa trilha sonora e personagens carismáticos (o meu preferido era o Kuwabara). Assisti a série quase toda, perdendo alguns episódios da última temporada. Até hoje me aorrece o último episódio não ter sido exibido na íntegra na época pela Manchete. Só assisti a versão completa anos depois, graças à internet.

Pouco depois estreou na Manchete “Super Campeões” (“Captain Tsubasa” no original), um desenho sobre futebol (na verdade uma mistura de futebol com Dragon Ball Z, na minha opinião...) que passava logo após “Yu Yu”. Meu irmão mais novo gostava bastante. Eu assistia, mas realmente prefiro enquanto os personagens ainda são crianças.Depois que eles ficam adultos achei meio chato.

No ano seguinte uma surpresa me aguardava nas bancas de jornal: publicado pela Animangá, “Ranma ½” chega às bancas. Em formato “tradicional”, isto é de leitura ocidental e inicialmente com apenas dois capítulos por edição bimestral. O mangá fez sucesso inicialmente, mas a Animangá não teve fôlego para segurar a publicação (chegaram a fazer uma pesquisa para saber qual manga os fãs queriam que fosse o próximo a ser publicado, mas ficou só na pesquisa mesmo), cancelando-a alguns anos depois, lá pelo número 22, eu acho. Mas até hoje quando pego o meu exemplar número 1 e folheio sinto um pouco daquela sensação que tive aos 17 anos quando comprei a revista e li pela primeira vez. Acho que realmente estou ficando velho.

No finzinho da década de 90, em 1999, o canal de TV a cabo Cartoon Network trouxe uma novidade em sua grade, até então praticamente controlada por desenhos norte-americanos: estréia Dragon Ball Z (ou DBZ, como alguns fãs chamam). Além de DBZ, também é exibido pelo Cartoon a grande febre daquela época: “Pokemon”, que tamém foi exiido na TV aberta na época, pela Rede Record.

Tanto “Dragon Ball Z” quanto “Pokemon” fizeram sucesso, mas“Pokemon” foi uma verdadeira mania! Tinha pokemon para tudo que era lado, em tudo que você possa imaginar! Nas bancas era raro ter uma revista voltada para o público infantil, juvenil ou fãs de HQs/anime/mangas que não tivesse na capa Ash e Pikachu. Eu particularmente sempre preferi “Dragon Ball Z”. Fora isso o canal a cao  Multishow ainda exibia meio sem método ou ordem “Babel II” (interessante, pena que vi pouco), “New Dominion Tank Police” (outro velho conhecido. Anime bem legal) e o remake de “The 8 Man” (bem fraquinho, aliás).

Começa a Década 00 (“zerozero”, como eu chamo por brincadeira). Editoras que hoje são conhecidas por todos os fãs fazem sua estréia: A Conrad* lança “Dragon Ball”, a JBC lança “Rayearth”, “Vídeo Girl Ai” (muito legal) e, se não me engano em 2001, “Love Hina”, um sucesso estrondoso naquele tempo! A Conrad tetou aproveitar a onda e lançou umas edições de “Pokemon-As Aventuras elétricas de Pikachu”, sem grandes repercussões, talvez devido ao fato de ter usado algumas alterações feitas nos EUA, e não os originais do Japão.

Em 2001 mais um canal da TV a cabo começa a exibir animes, o Fox Kids, com “Super Pig” (muito engraçado) e um anime de mechas (aqueles animes de robôs gigantes) bem legal chamado “PatLabor”. Na TV aberta foi a vez da Band entrar no jogo com o programa “Band Kids” (como sempre, a visão conservadora que desenho animado é coisa de criança foi bastante influente...sem comentários). “Dragon Ball Z”, alguns velhos conhecidos meus (“El Hazard” e “Tenchi Muyo” ) e um desenho que eu não conhecia até então, mas que foi uma boa surpresa: “Buck”, com seu protagonista que simplesmente queria dominar o mundo e fazer todo mundo de escravo.

Mais para frente a Band também exibiu outro animê famoso, “Slayers”, mas infelizmente exibiu apenas a primeira série e nada mais. Algum tempo depois “Sakura card Captors” (do estúdio Clamp) também estreou no Cartoon Network, mas assisti apenas uns dois episódios e não gostei. Realmente as produções do Estúdio CLAMP não fazem minha cabeça... os seus fãs que me perdoem.

Os eventos a moda antiga ainda existiam**, mas já estavam entrando em sua fase final. Os SESCs não sediam mais os eventos. O pessoal que fazia a exibição no SESC da Tijuca passa a fazer a exibição no Tijuca Tênis Club por alguns anos. É a época em que passo a conhecer o excelente “Cowboy Beebop”, “Bakuretsu Hunter”, “Hunted Junction”, “Maze”,”Gate Keepers”, “One Piece”, “Tri Gun”, o fraquíssimo “Photon”, “Daiundokai”, “Sakura Wars”, “Kare Kano” (um anime que parece que todo mundo gosta, menos eu...), “Boys Be”, “Hellsing”, “X” (uma ex minha adorava...eu acho supervalorizado e realmente não curtia), “Angel Sanctuary” (outro título que nunca achei grande coisa) e muito mais. 

Foi também lá por meados da primeira metade da Década 00 que vi algo do estúdio Ghibli pela primeira vez, "Porco Rosso", em um evento que não lembro mais qual o nome, mas que foi em um domingo.

(Continua a parte 4)

P.S: Originalmente postado em 15 de agosto de 2006, no blog Dotaku.

* A Conrad não existe mais atualmente, mas existia em 2006.

** Ainda existiam em 2006, quando o texto foi escrito. Hoje em dia esse tipo de evento já está morto e enterrado.

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