2 de nov. de 2019

Divagações Oldschool: Memories... (ou "Eu, os animes, mangás, eventos e tudo mais") (2)



(PARTE II)

Em meados da década de 90, quando eu estava na sexta ou sétima série veio o grande “ponto de viragem”, a partir do qual realmente me tornaria um fã de animação japonesa e não apenas um telespectador: Em um fim de tarde sem nada o que fazer rodava os canais da TV a procura de qualquer coisa assistível. Ao passar pela rede Manchete vi uma abertura de um desenho que não conhecia, com cenas de lutas em diferetes do usual e uma música com tons meio épicos, mais ou menos assim “Os guardiões do universo...”.

Assisti a saga toda de “Cavaleiros do Zodíaco” (ou “Saint Seya” ou CDZ, como vocês preferirem chamar...) até o fim do arco das casa de ouro. Depois com as sagas de Asgaard e Poseidon fui perdendo o interesse pela série, achando-a repetitiva. Lembro que cheguei a comentar com um colega que “toda hora é a mesma coisa, salvar a Saori em menos de tantas horas, lutando contra um bando de inimigos até chegar no chefão”. Apenas com a saga de Hades é que voltei a me interessar por “Saint Seya”, mas isso é um pouco mais para frente...

Graças ao explosivo sucesso de “Saint Seya”, um novo tipo de publicação voltada exclusivamente para desenhos, HQs e séries chega as bancas. Lançada sem muita divulgação, com um tamanho pequeno e papel de qualidade questionável, a revista “Herói” foi um sucesso imediato. Apesar d, em grande parte, dever suas vendas aos artigos sobre o desenho dos Cavaleiros (em geral as reportagens sobre CDZ ocupavam várias páginas, e as outras matérias tinham em média duas), a “Herói” também foi responsável por tornar conhecidos alguns nomes que posteriormente todos conheceriam, falando de vários animês e mangás. A primeira vez que ouvi falar de "Dragon Ball" foi na "Herói", por exemplo. Além disso, a “Herói” abriu caminho para várias outras publicações do gênero, como por exemplo a “Animax”.

Outra emissora se ligou no sucesso de audiência que a Manchete estava conseguindo e resolveu investir no ramo do anime. Assim, estrearam no SBT “Dragon Ball” e “Fly, O Pequeno Guerreiro” (péssima tradução do nome original “Dragon Quest"... .e só para constar originalmente o protagonista se chamava Daí, não Fly...), dois animes que gostei, e gosto até hoje, bastante. E nos domingos, o SBT começou a exibir o primeiro desenho do estúdio Clamp que assisti: “Guerreiras Mágicas de Rayearth” (“Rayearth” no original) e que achei apenas mediano, mas com um final surpreendente!

Corria o ano de 1996 e, sem querer ficar para trás, a Manchete marcou uma cesta de três pontos trazendo a primeira série “Sailor Moon”, além do legal “Shurato” e do fraco “Samurai Warriors”. Esse último, “Samurai Warriors”, originalmente se chamava “Ronin Warriors”, e me pareceu que a versão exibida aqui no Brasil veio “picotada” de várias cenas. E não entendam mal... eu até gosto de "Samurais Warriors", mas não deixa de ser fraco só por eu gostar. De repente se tivesse vindo a versão original...

Nessa época troquei de colégio no meio do ano e acabei passando para o turno da tarde, assistindo os animes pela manhã, e por vezes suas reprises no fim da tarde. Realmente a TV aberta sempre foi carente de opções e eu preferia assistir uma reprise dos desenhos japoneses a algo como novela ou um daqueles programas de auditório de gosto... questionável.

Aí chegou 1997 ... um ano marcante em termos de mangá & anime. Foi o ano em que comecei a freqüentar exibições de animação japonesa. A primeira que tive a oportunidade de ir foi no SESC da Tijuca, organizada por um grupo de quem eu viria a ficar amigo (infelizmente não lembro maiso nome do grupo... o tempo cora seu preço). O pessoal que organizava inclusive produzia um fanzine voltado à divulgação de animes, com algumas reportagens de “Star Trek” entremeadas entre as páginas como um bônus extra. 

1997 também foi quando a TV a cabo chegou aqui em casa, e na época o Cartoon Network exibia o grande clássico “Speed Racer”. Eu gostei bastante, mas não tanto quanto minha mãe, que parava o que quer que estivesse fazendo para assistir as corridas do Speed e as confusões da dupla Gorducho & Zequinha. Pudera...fazia mais de dez anos desde que ela havia assistido “Speed Racer” pela última vez.

Começava assim o que eu chamo por brincadeira de “a era dos SESCs”, pois muitos eventos ocorriam nas várias localidades desse clube: SESC Copacabana, Engenho de Dentro, Tijuca (de todos o que eu mais freqüentei), São Gonçalo. Aos poucos eventos em outros locais foram surgindo, como a exibição no Museu da República. A partir dessa época animes como “Oh! My Godesss” (“Ah! Megami Sama” no original”), “Neon Genesis Evangelion”, “Vampire Princess Myu”, “Devil Man”, “Blue Shell”, “Rahma ½”, “Tenchi Muyo”, “El Hazard”, “Fushigi Yugi”, “Cat Girl Nuku Nuku”, “Ghost in The Shell”, “Bastard”, “Gunsmith Cats”, “Bubblegun Crisis”, 
 “Record of Lodoss War”, Berserk”, uma série de “Final Fantasy” muito abaixo do que eu esperava (ainda assim eu gosto), e muitos outros começam a me ser familiares, assim como nomes como ABRADEMI passam a ser conhecidos por mim.


Para o pessoal mais novo acho que vale a pena uma explicação: nessa época Internet ainda não era algo muito difundido, então os fãs conseguiam informações pelos fanzines, revistas e batendo papo nos eventos. E não havia essa facilidade de conseguir as coisas baixando da Internet, então os eventos eram praticamente apenas exibições que, em geral, iam de umas 9:00h da manhã até umas 17:00h- com uma pequena pausa para o almoço na qual ninguém almoçava de verdade e sim comia um hambúrguer ou coisa que o valha!
Fora a enxurrada de desenhos, havia o sorteio de brindes, com coisas bem legais rolando como camisetas e mesmo fitas VHS (é, eu sei, pré-histórico...). Nesse ponto minhas lembranças não são tão boas, pois raramente ganhava alguma coisa...em uma das poucas vezes que fui sorteado ganhei uma fita com os 3 últimos episódios da série “Neon Geneses Evangelion”- o melhor prêmio que consegui! Só não sei onde foi parar...

(Continua na parte 3)

P.S: Texto origialmente publicado no blog Dotaku, em 10 de agosto de 2006. 

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