25 de ago. de 2019

Power Punch II


Alguns clones de games famosos, para tentar conseguir alguma atenção individualizada, tentavam dar uma roupagem diferente, mudando o cenário do jogo de sucesso original, mas mantendo o estilo de jogo, mecânicas e demais características essenciais intactas, ou quase isso. Lançado em 1992 pela australiana Beam Software apenas para o ocidente, "Power Punch II" é um clone de "Punch-Out!!" que se encaixa perfeitamente nessa categoria.

História e Roteiro


O pessoal mais novo provavelmente tem apenas uma vaga noção de quem foi Mike Tyson, mas aqueles que nos anos 80 e 90 já seguravam os joysticks com certeza lembram. Mike Tyson foi a grande estrela do boxe na época, tanto por seu talento como lutador quanto por seu comportamento polêmico. 
Obviamente que alguém cujos holofotes estavam tão em foco não ficaria muito tempo longe do mundo dos games... Mike Tyson foi o adversário final em uma das versões de "Punch Out!!" (posteriormente substituído pelo fictício Mr. Dream) e serviu de inspiração para o Balrog (M. Bison ,no Japão) de "Street Fighter II". Originalmente, era para Mike Tyson ser o protagonista de "Power Punch II", mas acabou não acontecendo, provavelmente por questões legais envolvendo uso da imagem, royalties e pro aí vai.
Inicialmente programado para se chamar "Myke Tyson's Intergalactic Power Punch", o título do jogo foi alterado para "Power Punch II", protagonizado pelo jovem boxeador Mark "Tough Guy" Tyler, descaradamente inspirado no campeão dos peso-peados do mundo real.
No jogo, Mark Tyler é o indiscutível campeão do planeta Terra, tendo se tornado profissional após ganhar uma medalha de ouro olímpica. Mark manteve o cinturão de campeão mundial por oito anos consecutivos, de 1998 até 2006, invicto.
Ao vencer pela nona vez o campeonato da Unified Championship, Mark Tyler acaba chamando a atenção de Gordo Gloop, presidente e ex-campeão da IGBF (Intergalactic Boxing Federation), que assistia a luta a alguns anos-luz de distância via pay-per-view.
Nada impressionado com o que viu, Gordo Gloop resolve tirar a limpo o quão forte Mark "Tough Guy" Tyler realmente é, convidando-o para disputar o cinturão da IGBF contra os melhores boxeadores da galáxia.
Mark acha que trocar Las Vegas por Vênus e aceita o desafio, tornando-se o primeiro terráqueo a participar do campeonato. Será Mark Tyler também o primeiro terráqueo a ostentar o cinturão da IGBF?
O enredo, misturando boxe e ficção científica estilo Space Opera, é sem dúvida trash, mas no bom sentido da palavra! Afinal, como não gostar de uma luta de boxe contra um ciborgue ou um mutante tóxico, não é? 

Gráficos


Os gráficos de "Power Punch II" são medianos. com altos e baixos. A tela de abertura e as cutscenes do jogo são acima da média e a aparência do protagonista Mark Tyler realmente lembra bem a do Mike Tyson daqueles tempos. 
O visual e sprites dos lutadores é bem razoável, embora um pouco serrilhado demais nas bordas para um jogo de 1992. Já os cenários, se não são ruins, são de fato pouco inspirados e repetitivos- E os espectadores que aparecem ao fundo, perto do cronômetro, são simplesmente medíocres.
As animações, tanto do treinamento no ginásio quando das lutas no ringue são medianas, estando dentro do padrão do NES da época, sem maiores defeitos ou qualidades.

Música e Efeitos Sonoros

Músicas e efeitos sonoros que cumprem sua função sem serem marcantes. Isso define bem "Power Punch II". 
A música da tela de abertura é bem genérica e pouco expressiva, enquanto a das lutas e substancialmente melhor. Já dentre os efeitos sonoros, o destaque vai para a audiência vibrando quando algum dos lutadores beija a lona. De resto, tudo na média.

Controles e Jogabilidade


Os controles de 'Power Punch II" respondem bem, mas é um jogo em que é preciso treino e tempo para dominar os comandos. Não é algo lá muito fácil, precisando ter bons reflexos, bom timing e pensar rápido, em especial no ginásio espacial, durante o treinamento, onde para acertar na luva certa  do androide de treino é preciso apertar o botão do braço correspondente àquela luva. Se piscar a luva esquerda e você apertar o botão do braço direito... nada feito... desperdiçou o golpe.
Nas lutas não é muito diferente, sendo demandado do jogador a mesma rapidez de raciocínio, reação e reflexos, além de muito timing,  para encaixar as sequências de golpes e bloquear os ataques do adversário. Treino é essencial para dominar esse jogo e desenvolver a habilidade necessária para entrar em seu ritmo.

Dificuldade


Esse é um jogo difícil, em especial devido a tudo que se precisa para dominar bem os comandos e apertar o botão correto no momento certo. Não é, contudo, apenas isso que torna "Power Punch II" difícil... o jogo pega pesado desde o primeiro adversário... o ciborgue 9763 Borg não é nenhum Glass Joe...
O jogo também não é bem equilibrado... inicialmente, Mark Tyler é bem mais fraco que seus oponentes, precisando dar vários golpes certeiros para tirar um único traço da barra de energia, enquanto basta um soco bem dado do adversário para baixar uns traços da barra de Mark. 
Você tem a opção de treinar antes de cada luta e assim aumentar seus atributos (vitalidade, força e agilidade), mas o próprio treinamento é difícil... para ganhar bônus é preciso acertar no mínimo duas vezes seguidas na luva certa e você só ganha um golpe especial se acertar cinco golpes seguidos! Golpe especial de uso início, diga-se de passagem... usou, perdeu. Pode-se acumular mais de um, mas para isso é preciso acertar mais de uma sequência de cinco golpes certeiros no treino com o androide.
Durante o jogo até é possível recuperar um pouco de sua vitalidade, apanhando umas luvas de boxe que aparecem e caem no ringue, mas não é tão fácil assim alcançá-las durante a luta...
Os adversários podem até ser legais, com aquele visual de desenho animado de aventura do início dos anos 90 (gosto em especial de Helmet Skull e de Alpha Bonehead), mas acredite... são fortes. A menos que você seja um expert nesse tipo de jogo, suas primeiras jogadas vão ser verdadeiras surras ou lutas frustrantes perdidas por pontos. 
Uma última coisa que precisa ser dita...  arrume logo uma lista dos comandos de "Power Punch 2", seja lendo o manual ou procurando em um gamefaq/walkthrough. É importante saber como efetuar cada tipo de soco e como se defender desde a primeira partida.

Comentário Final


"Power Punch II" não é um mau jogo, porém não consegue ir além de ser um clone pior calibrado de "Punch Out!!" em um cenário futurista. Acaba também sendo um pouco um game de nicho, mais voltado para quem gosta desse estilo de jogo de boxe, onde a tela é fixa e você só pode movimentar seu boxeador para a direita e para a esquerda. Demora-se um pouco para pegar o jeito, o que pode ser bem frustrante nas primeiras partidas, mas caso se tenha paciência o suficiente nesse início, é bem capaz de "Power Punch II" render um tanto de diversão.

NOTA: 5,5

P.S: Apesar de o jogo ter o tal "II" no título, dando a entender que é uma sequência, não existe nenhum jogo anterior chamado apenas de "Power Punch". Apesar do nome, "Power Punch II" é o primeiro (e único) jogo da série! A razão para isso nunca foi bem explicada (aliás, que eu saiba, nem mesmo mal explicada) e esse detalhe já gerou um pouco de confusão no passado. 
Lembre-se... não adiante procurar um "Power Punch'" predecessor por aí que você não vai encontrar.

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