4 de jan. de 2018

Advanced Dungeons & Dragons: DragonStrike


Dungeons & Dragons é, indubitavelmente, a maior franquia no mundo dos RPGs (jogadores de "Vampiro- A Máscara", conformem-se). Não é de se espantar então que tantos de seus jogos e cenários tenham recebido adaptações para videogame- em graus bastante variáveis de qualidade, diga-se de passagem...
O NES teve um punhado de jogos da grife "D&D", nenhum recebendo muita aclamação ("Heroes of the Lance" inclusive chega a ser considerado um dos piores jogos da plataforma), mas, dentre eles, um título merece destaque por sua originalidade: "DragonStrike".
Lançado em 1992 pela Pony Canyon, "DragonStrike" é um shooter ambientado em um cenário de fantasia medieval e um exemplo pioneiro de simulador de vôo de dragão. Nada de regras de tabuleiro aqui. Apenas voe, incinere e continue voando.

História e Roteiro



A história do jogo vem de um cenário bastante famoso de Dungeons & Dragons, "Dragonlance", onde os dragões tem papel central. Ambientado na parte final da Guerra da Lança, em "DragonStrike" os exércitos draconianos estão atacando o reino de Ansalon, no mundo de Krynn, e para combater dragões nada melhor do que... mais dragões! Contra dragões vermelhos, verdes e negros nada melhor do que dragões de bronze, prata e ouro, afinal! 
Em "DragonStrike" você controla um solitário cavaleiro de dragão (a cor é da montaria é de sua escolha) na luta contra as forças da deusa malévola Takhisis, a qual tenta tomar de vez o mundo Krynn e mergulha-lo nas trevas. Como fazer isso? Da forma mais dragonesca possível: voando e cuspindo fogo em tudo que se mexe, seja no mar, em pântanos, em florestas e até mesmo cidades.
Bem épico, não? É óbvio... é Dungeons & Dragons.

Gráficos

As três raças de dragões benignas de "Dragonlance"
No geral são legais, mas varia um pouco para baixo em alguns momentos... as cidades, por exemplo, parecem desenhadas a régua, ficando um tanto esquisitas. Em compensação as florestas e regiões costeiras são mais agradáveis aos olhos. 
A tela de abertura e de seleção de dragão possuem arte bem razoável, com dragões bem desenhados e até bastante detalhados para um jogo de 8 bits, e os próprios sprites dos dragões do jogador são bem feitos, tendo ainda um detalhe bem legal, de terem a sombra projetada no chão abaixo da criatura, o que serve para passar uma impressão de altura. Esse detalhe é apenas estético e não afeta em nada o jogo, mas de fato ficou algo bem legal.
Os sprites dos inimigos de fase são mais simples, em especial os inimigos humanos (como os arqueiros) sendo aqueles que os que possuem a arte mais fraca, o que é parcialmente explicado pelo tamanho, pois são obviamente muito menores que outros inimigos de fase como gigantes de pedra, beholders, barcos de guerra, balestras, dragões vermelhos e negros. Os chefes de fase são grandes, ocupando um bom pedaço da tela, e em geral são bem desenhados. Para quem joga ou jogou D&D e/ou AD&D e está habituado com o Livro de Monstros, todos os inimigos são bastante identificáveis. 

Músicas e Efeitos Sonoros

Dragão de Prata apanhando um power up

O jogo possui uma trilha sonora até bem variada, com músicas para a tela de abertura, mapa geral, chefes de fase e mesmo algumas músicas diferentes para diferentes fases. A qualidade das músicas varia de bom (como a da tela de abertura) a mediano (como a música tema do primeiro chefe do jogo, o kraken). No geral combinam com o jogo e embalam bem o vôo do dragão. 
Os efeitos sonoros são simples. Não comprometem, mas também não se destacam.

Controles e Jogabilidade


Aqui começa a complicar... não porque os controles não respondam bem ou algo assim... eles respondem, fique tranquilo, mas "DragonStrike" é um daqueles jogos que os controles são um tanto complicados e precisam de uma boa dose de prática para serem bem assimilados. 
Ao contrário de outros shooters (aqueles de nave espacial ou de aviões) se movimentar não é tão simples, bastando apertar o direcional para a direção desejada. Em "DragonStrike" tentou-se simular da forma mais próxima possível o voo de seres vivos, logo para ir para onde você quiser você terá que manobrar, as vezes até voando primeiro em círculos para acertar o ângulo certo. É um tanto frustrante até se pegar o jeito, de fato, mas quando se habitua o jogo flui bem.
Outro ponto interessante na jogabilidade: o dragão pode voar em duas alturas diferentes (mais alto e mais baixo). Para selecionar a altura basta apertar o direcional para cima para DESCER (a figura de seu dragão na tela ficará menor e ele poderá atacar inimigos ao nível do solo como catapultas, balestras e arqueiros) e direcional para BAIXO para subir para a posição mais alta (a figura de seu dragão fica maior e ele NÃO poderá atacar inimigos ao nível do solo). Sim... direcional para o alto, faz o dragão descer e vice-versa... Demora-se um pouco para se acostumar, já deixo avisado. 
Um último detalhe que não pode ser esquecido: se você estiver voando baixo com o seu dragão e bater em algo do cenário (um árvore ou rochedo) você tomará dano e reverterá automaticamente para a posição de voo alto. Preste muita atenção nesse detalhe.

Dificuldade

O mapa do mundo (world map) de "DragonStrike". Cada dragãozinho vermelho é um estágio do jogo.
"DragonStrike" não é um jogo fácil, mas boa parte da dificuldade liga-se a curva de aprendizado dos controles. As fases iniciais são mais simples, mas os estágios posteriores tem bem mais inimigos na tela e projéteis vindo em sua direção. Alguns dos chefes de fase são consideravelmente enjoados de se derrotar, precisando-se descobrir qual é jeito de atacar- nada que não fosse esperado em um jogo dessa época, convenhamos.
O jogador tem três escolhas de dragão a sua disposição, com diferentes atributos, os quais podem ser conferidos na tela de seleção (S= velocidade; A= armadura/ resistência; B= ataque/ sopro; H= saúde /vida). Cada dragão também possui dois ataques, sendo que os de bronze e prata possuem um ofensivo e um paralisante, enquanto o de outro possui dois ofensivos, sendo o segundo o ataque mais poderoso do jogo.
Algo que pode irritar alguns jogadores é que os dragões só começam com a barra de energia completa no nível fácil/ easy. No nível normal/ medium e no difícil/ hard, a barra começa incompleta e o jogador deve achar corações que recuperam energia pela fase. Existem outros power ups, tanto espalhados pelo cenário quando conseguidos ao se derrotar outros dragões, que dão desde pontos até aumento temporário  de poder ou velocidade. Sem dúvida alguma os mais úteis são os que recuperam energia.

Comentário Final


"DragonStrike" foi um shooter bem diferente para sua época, o qual tentou algumas inovações interessantes, mas que nem sempre conseguiu um grande resultado devido tanto as limitações técnicas da época quanto ao fato de ser um pioneiro no gênero. Pode não ser um jogo excepcional mas está acima da média, em especial como shooter, e vale a pena ser conhecido, mesmo que apenas por curiosidade. Um defeito é que "DragonStrike" tende a se tornar um pouco repetitivo no correr dos estágios, não variando muito no tipo de ação, o que pode levar alguns jogadores a acharem-no um pouco maçante depois de algum tempo de jogo.

NOTA: 6,5

Observação:  "DragonStrike" recebeu versões para vários computadores da época, em sistemas como o MSX  e o MS-DOS, sendo as versões para computador bastante diferentes da versão do NES, tendo uma perspectiva de simulador em primeira pessoa, onde o jogador vê a tela do jogo como se fosse a visão do cavaleiro montado nas costas do dragão..





0 Comments:

Postar um comentário