23 de mar. de 2016

Jim Power: The Lost Dimension in 3D



Desenvolvido francesa Loriciels (a mesma empresa que desenvolveu o não muito famoso"Best of the Best: Championship Karate" para NES, SNES, Mega Drive e Game Boy) "Jim Power: The Lost Dimension in 3D" foi lançado tanto para PC quanto para o Super Nintendo já próximo do fim do ano de 1993. 
Com bons gráficos, ótima trilha sonora, dificuldade insana, roteiro descompromissado e um protagonista mais "90´s" impossível, o título resume boa parte daquilo que os jogos dos anos 90 tinham de melhor e também de pior. Até mesmo em se tratando de estilo de jogo "Jim Powers: The Lost dimnension in 3D" isso está presente, diversas formas diferentes de se jogar variando de fase a fase. Existem fases estilo plataforma... fases com vista de cima para baixo, estilo top- down... fases de shooter, onde se pilota uma nave ou se maneja um traje com jetpack... 
Mesmo não sendo proposital, o jogo funciona quase como um apanhado ou panorama geral do que caracterizava os videogames naquela época, tendo isso como um apelo a mais.


História e Roteiro



Em se tratando de roteiro, "Jim Power: The Lost Dimension in 3D" é um jogo facilmente classificado como datado. Um fio de trama de ficção científica épico e um tanto disparatado  que serve apenas como o pretexto necessário para Jim Powers correr, pular ou atirar fases a dentro. Não é ruim de fato e não deixa de ser divertido mas não consigue fugir do padrão médio daquela primeira metade dos anos 90.
Basicamente o planeta Terra (obviamente... outro lugar em um universo infinito é que não podia ser...) é a única coisa que sobrou no caminho do alienígena Vaprak (de onde eles tiram esses nomes tão supimpa?) e um vórtex dimensional, o qual leva para uma quinta, e até agora perdida, dimensão.
Caso a Terra seja derrotada, Vaprak vai conseguir abrir um portal para sua espécie, assim como liberar uma quantidade imensa de energia dessa dimensão capaz de causar mutações biológicas (o que no fim das contas não faria muita diferença, já que o planeta já estaria destruído mesmo).
Como as forças sob o comando de Vaprak são muito poderosas (com um nome desses não se podia esperar algo difetente, não é?), o confronto direto está fora de cogitação. A única esperança de vitória e salvação (não necessariamente nessa ordem) é o agente secreto Jim Power.
Munido apenas de uma versátil pistola laser, de um traje espacial aparentemente retirado das sobras de um filme dos anos 50 e de um sobrenome capaz de evocar confiança no mais desalentado dos corações, cabe a Jim Power passar sozinho e despercebido pelos Omni-eyes Scanners de Vaparal ( os quais aparentemente carecem de uma eficácia comparável a seu ostentoso nome) alcançar sua fortaleza e tentar eliminar o vilão ou mandá-lo de volta para sua sulfurosa dimensão (o que vier primeiro).

Gráficos



Bons gráficos, em especial os cenário- bem desenhados e coloridos; muito detalhados e alguns, como o da primeira fase ("Forgotten Path") lembrando bastante fases dos jogos de "Sonic The Hedgehog". Os cenários tem aquele ar onírico, de pouco compromisso com a realidade, típicodos  anos 90 e misturam tanto elementos bastante futuristas, como plataformas de metal voadoras, quanto elementos arcaicos, como tochas iluminando o ambiente ou armadilhas feitas com estacas de madeira. Pode parecer incoerente para jogadores de hoje, acostumados a jogos hiper-realistas, mas esse tom fantástico non sense é um dos charmes tanto de "Jim Power: The Lost Dimension in 3D" quanto dos jogos da época.
O sprite do protagonista do jogo é razoavelmente grande e competentemente desenhado e animado, levando-se em consideração as limitações técnicas do período. Os inimigos também são bem desenhados e animados, mas, assim como os cenários, também carregam a marca da época e podem parecer um tanto esquisitos hoje- O inimigo mais encontrado na primeira fase, por exemplo, lembra algo como um centurião romano usando bermudas...
Os chefes e sub-chefes de fase são grandes, em geral bem maiores que o herói e são bem desenhados e animados, embora nenhum seja especialmente marcante.
Não existem grandes diferenças entre os gráficos de PC e de SNES. Majoritariamente são apenas algumas mudanças em detalhes das cores dos inimigos e dos cenários ou substituição estética de alguns elementos do jogo (no PC você recolhe moedas enquanto no SNES recolhe cristais azuis, por exemplo). As mudanças mais significativas são a ausência de barra de energia para os chefes e sub-chefes no SNES e que os contadores de vida, chaves, bomas, etc, no PC ocupam mais espaço na tela e são mais detalhados, enquanto na versão do SNES são mais simples, mais minimalistas.
Apesar do "in 3D" do título o jogo é inteiramente em 2D, o que se tem de fato são camadas diferentes de cenário, muitas vezes se movimentando em sentidos diferentes, que dão sensação de profundidade. A versão do SNES vinha com um óculos que, supostamente, ampliava esse efeito.

Música e Efeitos Sonoros



A trilha sonora do jogo, em ambas as versões, é muito boa. Bem compostas, as melodias tem tudo a ver com o clima e ambientação do jogo, com um tom aventuresco e cheias de ritmo. Composta pelo alemão 

Chris Huelsbeck, o mesmo de "The Great Giana Sisters" do Commodore 64, "Turrican", "R- Type" e "Star Wars: Rogue Squadron", a trilha sonora é sem dúvida um dos pontos altos do título e deixa com aquela vontade de um dia vê-la sendo executada por uma orquestra.

Os efeitos sonoros também são bons, acima da média da época. São bem variados, tendo tiros, guinchos, sons de pedra caindo e contando mesmo com algumas frases faladas por Jim Power no correr do jogo. Vale a pena dizer os desenvolvedores se deram ao trabalho de criar sons diferentes para cada item apanhado-  o som de quando se apanham cristais/ moedas sendo diferente daquele quando se apanham chaves, para ficar em apenas nos casos mais comuns.

Controles e Jogabilidade

 A jogabilidade não é um problema em nenhuma das duas versões, embora eu tenha achado a da versão de PC ligeiramente melhor, pois a do SNEs em alguns saltos é um tanto imprecisa. No geral, a jogabilidade não é um fator de frustração ou dificultador para progresso no jogo.
Os controles são simples, variando conforme a versão. Na versão do SNEs o botão direcional movimenta o personagem, enquanto se for usado o teclado na versão do PC precisa-se usar as setas ( Existe também a opção de se usar joystick na versão para PC). Não existem muitas surpresas nesse quesito... Há um botão para pular, um para atirar e outro para usar as bombas, que fazem dano considerável nos inimigos (fazendo efeito inclusive contra chefes e subchefes). É possível pausar o jogo e, durante a pausa, pode-se optar por reiniciar o cenário desde o início.

Dificuldade



"Jim Power: The Lost Dimension in 3D" é um jogo difícil, não ficando nada a dever a outros títulos da época assim considerados. Parte dessa dificuldade se deve a falhas no jogo, falhas estas razoavelmente comuns em outros jogos da época, como você descer de uma plataforma ou ponto mais alto do terreno e cair em um fosso de espinhos que não aparecia na tela, mas no geral a dificuldade é proposital, do próprio jogo mesmo.
Jim Power, apesar do nome bombástico, morre rápido. O agente especial tem, inicialmente, apenas duas barras de energia na versão do PC. Dois toques de algum inimigo ou armadilha e lá se vai uma vida. No SNES é ainda pior, tendo tido uma das piores versões de recebimento de dano que já vi... Jim Power ainda tem suas duas barras de energia, mas ao receber um golpe, ele desaparece e reaparece alguma distância para trás- exatamente igual a quando se perde uma vida! Acaba sendo algo, na prática, como ter que morrar duas vezes para se perder uma vida!
As fases são repletas de armadilhas bem clássicas... fossos com espinhos, lançadores de setas ou raios,muitos abismos com saltos arriscados a serem realizados, além de algumas que hoje em dia podem parecer hilárias, como gotas d'água capazes de matar... Somado a isso tem-se uma quantidade considerável de inimigos para se tropeçar no meio do caminho, alguns mais ou menos resistentes.
Existem alguns power ups espalhados pelo jogo, em geral dentro de containers as caixas que precisa, ser destruídas a tiros. Vidas são representadas por "1Up", mas também pode-se conseguir novas bombas e tipos de tiros.
A curva de aprendizado é um tanto lenta. Um problema do jogo é jogador terá que ir aprendendo aos poucos os padrões de movimentação e ataque dos inimigos, o alcance das armadilhas, o ponto certo onde saltar. Para quem já jogava nos anos 90, nada de novo, mas para quem é um jogador mais novo poderá parecer um tanto frustrante em alguns momentos.

Comentário Final



"Jim Power: The Lost Dimension in 3D" é um jogo ao mesmo tempo cheio de erros e acertos, tendo conseguido reunir em si boa parte dos pontos fortes e fracos de uma época da história dos videogames. Se é inegável que é um jogo divertido, também não dá para negar que é datado em muitos aspectos e que possui uma dificuldade  desnecessariamente exagerada, mesmo se levando em consideração o fato do jogo possuir "Continue". 
E para quem jogava videogame nos anos 90, além do fator nostalgia, tem-se a oportunidade de jogar de novo de algumas maneiras que caíram em desuso e de se encarar de novo um clássico jogo de aventura do tipo que não se faz mais com tanta frequência.
Atualmente o jogo está disponível para venda na loja virtual Steam, trazido pela empresa Piko Interactive. O lançamento da Piko Interactive veio no esquema "3 pelo preço de 1", podendo-se escolher no início entre três versões do título para se jogar: a versão de PC; a versão original do SNES e uma do SNES onde a imagem foi tratada com filtros para se ter gráficos mais limpos e definidos, designada "SNES Enhanced".

NOTA: 6,5

* Curiosidade: Uma versão do jogo para Mega Drive chegou a ser desenvolvida, mas nunca foi  lançada e só foi conhecida pelo grande público após uma versão para emuladores vazar na internet.






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