25 de jun. de 2014

Alex Kidd in High-Tech World

 


   "Alex Kidd in Miracle World" foi o primeiro jogo estrelado pelo garoto karateca de macacão vermelho. Merecidamente um grande sucesso, é um dos jogos mais famosos do Master System até hoje. Tudo bem, em parte isso se deve a ter sido o jogo que passou vir na memória do console a partir da segunda versão, mas isso não tira o mérito do jogo. 
Motivados pelo sucesso do jogo os responsáveis pelo Master System nos EUA resolveram fazer caixa em cima do personagem, lançando uma sequência exclusivamentepara o mercado ocidental a qual originalmente sequer era da franquia!
   Lançado em 1987, "Alex Kidd in High-Tech World" é um recapeamento de outro título, lançado apenas no Japão e baseado em uma série de mangás virtualmente desconhecida por aqui, "Anmitsu Hime", tendo editado o título original e  inserido Alex Kidd no lugar da princesinha de kimono que originalmente protagonizava a aventura. 
   O resultado, em si, foi um jogo bastante diferente do primeiro título da franquia e isso provavelmente gerou uma onda de frustração bem grande, ainda mais porque foi o tão esperado segundo cartucho do personagem lançado para o console de 8 bits da Sega. E se, inegavelmente, não faltaram motivos para isso, eu admito que guardo uma pequena ligação sentimental com esse jogo, por "Alex Kidd in High-Tech World" ter sido, juntamente com "The Legend of Zelda", um dos primeiros jogos estilo adventure que joguei na vida.
História e Roteiro


  Um roteiro um tanto sem pé nem cabeça com bastante lógica de poucos bits e praticamente nenhuma relação com "Alex Kidd in Miracle World",  exceto o protagonista de ambos os jogos: 
   Jogando conversa fora com seu amigo Paul, Alex vem a saber de uma novidade que muito o interessa: um novo fliperama foi inaugurado nas redondezas, o High- Tech World. Segundo Paul é cheio de jogos modernos e fica logo após uma floresta lotada de ninjas (sim, isso mesmo... anos 80... havia ninjas em todo lugar...), na vila (aparentemente a única que existe por ali, já que sequer nome essa vila tem...).
Para nenhum possível cliente se perder, um mapa indica direitinho a localização do High-Tech World, mas infelizmente foi feito em pedaços. Como se não bastasse os pedaços estão espalhados por todo o palácio real.
   Quem fez o mapa em pedaços, afinal? Paul, obviamente. Por que? Aparentemente apenas porque deu vontade... nenhum motivo em especial.
    Com amigos assim, Alex não tem muita necessidade de inimigos...
   Decidido a torrar a grana que não tem nas máquinas do novo fliperama, Alex Kidd decide procurar os oito pedaços do mapa pelo palácio, para depois arrumar um jeito de fugir, atravessar uma floresta cheia de ninjas que o odeiam gratuitamente, arrumar o dinheiro para pagar a diversão e encontrar famigerado High-Tech World na vila sem nome. Tudo isso antes das 17:00h, porque o fliperama fecha.
   O verso da capa da versão brasileira do cartucho ainda acrescenta que se o tempo acabar, Alex corre o risco de dormir pela rua, ao relento. A vida era dura na época dos 8 bits...

Gráficos


   Os gráficos são medianos, talvez um pouco mais chapados do que deveriam. O visual do palácio real é simples, mas bem colorido, enquanto os sprites dos personagens são razoavelmente bem feitos, bem diferentes entre si e alguns até mais detalhados, como o amigo de Alex chamado Rockwell.  As fases estilo plataforma, como a floresta infestada de ninjas, são mais simples, com menos detalhes, mas o jogo de forma alguma possui gráficos tão ruins quanro algumas resenhas afirmam.

Música e Efeitos Sonoros



   As músicas do jogo são simples e gostosas de ouvir. O tema da abertura tem um ritmo bem divertido, agitado, enquanto as músicas do decorrer do jogo são um pouco menos aceleradas, com um tom mais lúdico. Todas encaixam bem como clima leve do jogo. Por outro lado, os efeitos sonoros são bem genéricos, sem nenhum atrativo especial.


Controles e Jogabilidade

      Aqui o jogo começa a deixar a desejar, por várias razões. Os controles variam conforme a fase do jogo. Na fase do palácio, Alex não é capaz sequer de saltar, algo que deve ter causado muito estranhamento para quem jogou "in High-Tech World" pela primeira vez. Nas fases estilo plataforma, o jogo passa a ter uma jogabilidade mais tradicional, mas a precisão dos controles deixa a desejar. Isso somado a mais alguns detalhes, como o fato de Alex Kidd ser incapaz de agachar, atrapalham consideravelmente o jogo.


 Para facilitar a consulta separamos os controles do jogo em duas tabelas diferentes, relacionadas com seus cenários específicos:

a) Palácio Real e Vila (castle/ village)
  • Direcional para cima: faz Alex entrar nos aposentos, examinar objetos e subir as escadas ou escadarias.
  • Direcional para Esquerda ou Direita: move Alex na direção desejada.
  • Direcional para Baixo; Desce escadas ou escadarias.
  • Botão 1: abre tela do Menu onde se pode conferir os itens carregados, mapa do cenário e os pedaços de mapa já encontrados.
  • Botão 2: acelera os diálogos e confirma escolhas selecionadas.
b) Cenários plataforma/ action scenes:
  • Direcional para Esquerda ou Direita: Move Alex na direção desejada.
  • Botão 1: Saltar. Alex salta mais alto se o botão permanecer pressionado.
  • Botão 2: Arremessa shurikens, as populares estrelas ninja. Preste atenção pois o alcance é bem limitado.

Dificuldade


   Frustante... essa é a palavra que melhor define a dificuldade do jogo. O pior é que não dá para saber se é aquele tipo de dificuldade causado por uma tradução ou localização mal feita, como é o célebre caso de "Castlevania 2: Simon's Quest". Realmente não dá para dizer com certeza absoluta se algumas coisas  ficaram vagas devido a uma tradução capenga ou adaptação imprecisa, mas a impressão geral que fica é essa.
   Alguns dos pedaços do mapa são achados de forma bem tranquila, outros com um desafio justo, mas dois deles em especial são bastante difíceis de se deduzir a localização em vista das poucas e desconexas pistas que o jogo fornece. Fora isso o jogo é cheio de pistas falsas e situações que parecem importantes ou significativas sem o serem. Isso deixa o ritmo um tanto truncado.
   Outro fator estressante é que o jogador só possui uma única vida, que pode ser perdida por motivos as vezes bem absurdos- como ficar entalado em algo! Durante a etapa da busca no palácio o jogador não tem direito sequer a Continues ou Passwords! Apenas após encontrar os 8 pedaços do mapa e uma forma de escapulir do castelo é que isso passa a estar disponível.
   As fases estilo plataforma são difíceis. Além da jogabilidade um tanto imprecisa, Alex Kidd perde sua única vida com um mero golpe, esbarrão ou acidente. Cair na água é fatal. Mas Alex não nadava bem em "Alex Kidd in Miracle World"? Pois é... Fale isso para a Sega...
   Um fator que pode trazer um pouco de alívio é que pelo menos os continues são infinitos após a fase do castelo. O problema é que caso se morra na fase da floresta dos ninjas, inicia-se desde o início! O estágio não é lá muito curto, então isso pode acabar sendo bem cansativo.
   

   O jogo também tem uma quantidade grande de NPCs. saber quem é cada um e o que cada um faz é essencial para conseguir reunir todos os pedaços do mapa:
  • Alex Kidd: Protagonista do jogo. Jovem príncipe vidrado em jogos eletrônicos e que está sempre vestido com um macacão vermelho.
  • Papa: o pai de Alex Kidd e monarca do reino. É um tanto distraído.
  • Mama: Mãe de Alex Kidd. Esposa do soberano do reino, pode ser encontrada ao seu lado.
  • James: um empregado idoso do castelo, tratado carinhosamente por Alex como "Pops" (algo como "vovô", em tradução livre). É bastante severo com a educação do jovem príncipe e tem o hábito de tocar fogo nas coisas quando está com frio.
  • Barbara: Uma das damas da corte. Aprecia leitura e bolinhos.
  • John: O bibliotecário do castelo. Uma pessoa prestativa.
  • Rockwell: Grande amigo de Alex Kidd. Não mora no castelo, mas seu número de telefone pode ser facilmente encontrado. Tem soluções para casos aparentemente impossíveis e sempre anda acompanhado por seu cachorro.
  • Mary: Governanta do castelo e tutora de Alex. Rígida na hora de testar os conhecimento do jovem príncipe.
  • Paul: Amigo de Alex. Gosta de música e de rasgar mapas sem motivo aparente.
  • Bob: O corpulento guarda do portão. Cumpre as ordens do rei a risca.
  • Tom e Mark: Empregados do castelo. Aparecem apenas em horários bem específicos.
  • Spot: Cão de estimação de Alex. Tem um gosto bem peculiar para comida.
  • Retainers/ empregados: Vários homens com aparência de samurais e vestidos de azul e verde. Servem a família e moram no castelo.
  • Serviçais: As seis serviçais que trabalham no castelo, todas um tanto parecidas entre si e são bastante brincalhonas.
  • Ninjas: Guerreiros das sombras que aparentemente juraram devotar sua vida a impedir que Alex Kidd alcance o fliperama, provavelmente por falta de algo melhor para fazer. Arremessam shurikens ou bombas e podem saltar agilmente.

Comentário Final


   A sensação geral que fica é que o jogo poderia ter sido muito melhor. Tem algumas coisas bem legais, mas seus defeitos e falhas o puxam bastante para baixo, em especial o fato de que é bem difícil achar todos os fragmentos do mapa sem auxílio. 
  Não deixa de ser um um jogo interessante, embora seus acertos não evitem que seja frustrante e cansativo em muitos momentos. No geral vale a pena ser jogado pelo menos a título de curiosidade. Recomendado para fãs incondicionais de adventures que sejam pessoas bastante pacientes.

NOTA: 5.5

* Curiosidade 1:  Artwork do jogo original, "Anmitsu Hime", lançado no Japão em 1987. A princesinha de penteado oriental na capa foi o único personagem editado, dando lugar ao protagonista orelhudo e sorridente, enquanto o resto do elenco permaneceu praticamente igual..

"Anmitsu Hime", jogo desconhecido baseado em mangá idem

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