28 de jul. de 2018

Aztec Adventure

Capa original do jogo japonês, que originalmente se chamava "Nazca '88- The Golden Road to Paradise"

Gosta de história da América pré- colombiana? Da cultura asteca, mais especificamente? Nunca foi a grande preferência dos desenvolvedores de jogos, perdendo feio para a Grécia Antiga ou Japão Feudal, mas dá para garimpar alguma coisa na época dos 8 bits... "Tombs and Treasures" saiu para o NES e "Montezuma's Revenge", um dos mais antigos, saiu para várias plataformas incluindo uma versão para o Master System. Ainda para o Master System foi lançado em 1988 um jogo que tinha asteca até no nome: "Aztec Adventure" (embora tenha mais da cultura Nasca do que dos astecas propriamente ditos... as próprias linhas de Nasca aparecem em um momento, mostrando que a ação se passa no Peru e não no México), um jogo de aventura em perspectiva top down protagonizado por um dos poucos heróis latino-americanos da época.

História e Roteiro


O roteiro tem uma pequena diferença quanto a outros jogos da época... nada de princesa a ser salva aqui... e até tem caça ao tesouro envolvida, mas o objetivo principal de Nino, o jovem aventureiro de roupas folclórica, é achar o próprio paraíso asteca (ou paraíso nazca, no original japonês)- daí o subtítulo da versão japonesa. "The Golden Road to Paradise". 
Apesar da pouca idade, Nino resolve encontrar o paraíso e sua riqueza, fartura e felicidade (não necessariamente nessa ordem) mesmo que isso signifique enfrentar um desafio que já fez muitos aventureiros e exploradores experientes tombarem. E pode até conseguir ajuda para chegar lá, desde que possa pagar...

Gráficos


Os gráficos estão apenas um pouco acima da média da época. Os sprites dos personagens são legais, embora quem roube a cena seja os sprites de alguns chefes e não do protagonista ou de seus possíveis companheiros- não que sejam ruins, apenas menos trabalhados que alguns dos chefes, como o ídolo de pedra voador. Já entre os inimigos de fase, alguns tem uma aparência que lembra vagamente algo pré-colombiano, enquanto outros são simplesmente inimigos genéricos que poderiam estar em qualquer jogo de aventura de 8 bits.
Os cenários são coloridos e tem certa diversidade, mas embora cumpram a função de deixar claro o que são (uma floresta, um deserto, etc), não se pode dizer muita coisa além disso. O destaque fica para a 5o fase, um templo cuja estética se parece superficialmente com as ruínas de culturas sul ou mesoamericanas reais.

Música e Efeitos Sonoros

Acredito que divertida seja a melhor palavra para definir a trilha sinira de "Aztec Adventure". Nada realmente marcante ou especial, mas divertido. Tanto o tema quanto a curta musiquinha que toca entre um estágio e outro são bem alegres e as músicas das fases não são diferentes, dando um ar lúdico ao jogo.  Gosto em especial das músicas das três primeiras fases (Floresta, Rio Subterrâneo e Deserto).
Os efeitos sonoros são poucos e simples... tem o som do golpe da espada de Nino; um leve som que se parece com algo como "blup" quando um inimigo morre; algumas explosões ao se destruir as árvores vermelhas ou os arbustos espinhosos; um som que lembra uma sineta, quando o saco de dinheiro acerta o personagem correto e pouca coisa além disso. São bem simples mesmo, mesmo para a época.

Controles e Jogabilidade


Aqui a coisa começa a ficar complicada... a jogabilidade não é a ideal... Nino se move devagar, é bem lento, e isso pode ser problemático contra alguns chefes de fase mais ágeis, como o morcego gigante ou as bestas de pedra que parecem leões, ou para passar alguns trechos do jogo, como os corredores com esculturas de cabeças que cospem fogo na fase 5 (o templo).
Outro problema é a forma que Nino ataca... No lugar de golpear com sua espada em um arco de cima para baixo, Nino ataca dando estocadas. Não seria, a priori, nada demais- Link em "The Legend of Zelda" faz o mesmo- se não fosse um pequeno problema... o golpe é dado na altura dos PÉS de Nino e tem que acertar o inimigo em cheio para fazer dano! Basicamente... se for seu rosto ou peito que estiver na altura  do corpo do oponente, o golpe não vai acertar! Fora isso, embora se mova nas oito direções, Nino não ataca na diagonal, o que faz bastante falta em alguns momentos. O jogador terá sempre que ficar atento em encontrar a posição ideal para atacar cada oponente de acordo com seu padrão de movimento e velocidade.
Por último, lembre-se... é um jogo de 30 anos atrás! A detecção de dano/ hit detection não é perfeita!

Dificuldade

A real dificuldade em "Aztec Adventure" não vem do jogo em si, mas das limitações da jogabilidade e de algumas escolhas feitas pela equipe de programação, como você só ter duas vidas. O jogo em si tem dificuldade mediana, onde entra bastante a questão de decorar os padrões dos inimigos e qual arma especial é efetiva contra quem. Em outras palavras... é um jogo onde treino e observação é o que fazem o jogador avançar. Um fator complicador é que não existe save, nem password nem continue nesse jogo! Morreu? Comece do zero! O jogo acaba se tornando difícil por causa desses fatores.
Apesar de parecer um labirinto o jogo é bastante linear, não tendo muito fator exploração envolvido nem áreas secretas a serem encontradas... aliás, o jogo não tem nem power ups, mas existem 5 armas diferentes a disposição do jogador além da espada de Nino. Cada inimigo deixa para trás um tipo de arma ao morrer, e o jogador pode carregar até 8 de cada de cada vez. 
Quatro dessas armas (Saco de dinheiro, bola de ferro, lança, quatro bolas de ferro que atingem quatro direções diferentes) estão presentes em todas as fases do jogo, e a quinta arma é específica de cada fase (na 1o fase, a flores, é uma bola de fogo capaz de destruir plantas nocivas e eficiente contra inimigos vegetais). Atenção! Nem toda arma afeta todo inimigo! Alguns são imunes às lanças, outros às bolas de ferro, e por aí vai.
O saco de dinheiro é uma arma bem específica e só tem duas utilidades:
a) Trazer para seu lago alguns dos inimigos, mas especificamente os três guerreiros que parecem mistura de homem com animal: Papi, o homem pássaro; Pupe, o homem gato e Poh, o homem cão. Quanto mais forte for o mercenário, quanto mais dano fizer e quanto mais resistente ele for, mais sacos de dinheiro devem ser arremessados contra ele para ele passar para o seu lado. Papi precisa de apenas um. Pupe precisa de dois e Poh só se torna seu amigo após ganhar quatro sacos de dinheiro!
b) Viu uma espécie de poça de água azul em algum lugar do cenário? Parece um mini- lago também... é uma fonte dos desejos (desenhada com poucos pixels, mas é). Arremesse um saco de dinheiro ali e uma fada loura (que em nada se parece com algo saído das mitologias astecas, nasca ou de qualquer outra cultura meso ou sul-americana, diga-se de passagem) aparecerá e recuperará completamente sua energia. É a única forma de recuperar energia no jogo. E sim... você só consegue ajuda nesse jogo à base de dinheiro... é um mundo cruel e interesseiro lá fora...

Comentário Final

A capa da versão norte- americana, a que estamos acostumados aqui no Brasil. Para variar a arte japonesa é melhor...

"Aztec Adventure" é um jogo divertido e pouco lembrado, tem seus méritos mas os entraves na jogabilidade o tornam mais recomendado para jogadores veteranos do que para o pessoal mais novo, acostumado com controles mais afinados. É recomendado em especial para quem gosta de jogos de aventura e para fanáticos por jogos com perspectiva top down. Para quem está disposto a tentar e pegar o jeito, o jogo pode render umas boas horas de distração.

NOTA: 7,0

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