É provável que jogos de raciocínio e puzzles tenham sido o tipo de jogo mais aceito e querido pelos pais, embora nem sempre tanto assim pelos jogadores... "Klax", afinal, ganhou o selo de aprovação da Parent's Choice Foundation's mas passou longe de ser um grande sucesso entre a molecada e o fato de "Tetris" ser o jogo mais vendido do mundo serve mais para mostrar sua aceitação fora do nicho de jogadores "tradicionais" do que qualquer outra coisa, embora seu sucesso seja inegável.
Talvez isso explique, pelo menos em parte, porque desde os anos 80 os desenvolvedores e programadores tentem misturar puzzle com outros estilos de jogo e assim tentar alcançar as fatias mais novas do mercado de games. Combinando puzzle com o popular estilo plataforma, "Penguin Land", lançado pela Sega para o Master System em 1987, é um bom exemplo disso.
História e Roteiro
A premissa de 'Penguin Land' é um tanto sem pé nem cabeça, talvez só fazendo sentido nos anos 80 mesmo: Uma nave espacial caiu em um planeta distante e, devido a acidente, três ovos de pinguim (cada um do tamanho de um ovo de avestruz) são perdidos por lá.
Os pinguins partem para o resgate, sendo a missão de Overbite, o Penguin Mission Commander (Comandante da Missão Pinguim, em tradução livre), resgatar os ovos e levá-los em segurança até o ponto mais fundo das cavernas e cânions do tal planeta longínquo, onde, por alguma razão difícil de precisar, sua tripulação o aguarda na nave, no lugar de terem pousado na superfície do planeta e esperado ali onde os ovos poderiam ser transportados a bordo com toda a facilidade, como seria mais lógico. E como os pinguins conseguiram pousar uma nave de resgate no fundo de uma caverna, afinal?
Enfim... de qualquer forma, agora cabe a Overbite quebrar blocos de gelo com o bico e enfrentar ursos polares alienígenas e pássaros arremessadores de tijolos para trazer os ovos de volta- ou quebrá-los tentando, o que acaba sendo um pouco mais comum...
Gráficos
Os gráficos do jogo são bonitos. Os cenários são simples, mas agradáveis aos olhos- gosto em especial da parde de tijolos que forma o cenário do fundo. Minhas principais críticas aos cenários é que todos são bem parecidos, só mudando a cor dos blocos e do paredão de fundo de um estágio para outro e que a representação da nave de resgate no fundo da caverna ficou esquisita, parecendo mais um close de algum dos monitores do interior do veículo do que qualquer outra coisa. Eu acho que se tivessem mostrado o exterior da nave espacial estacionada teria ficado bem melhor.
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O fim da tela de cada estágio. Essa forma de mostrar nave realmente ficou estranha... |
Cada estágio começa com a mesma cut-scene, de Overbite empurrando um dos ovos para uma cratera, com a nave espacial acidentada ao fundo. É uma cut-scene simpática, mas torna-se rapidamente enjoativo vê-la toda hora, cada vez que se passa de fase.
Quanto aos personagens do jogo, o sprite do destemido comandante pinguim é bem desenhado e engraçadinho, além de divertidamente animado em seus tombos e agruras- com direito até a estrelinhas rodando ao redor da cabeça! Com os sprites dos dois tipos de inimigo que dão as caras no jogo, a coisa muda um pouco de figura... o dos Gangows (os ursos polares) também é divertido, mesmo que menos detalhados que o dos pinguins, enquanto o sprite dos Cameels (os pássaros taca-pedra) não é lá grande coisa e poderia ter recebido uma dose de capricho extra.
Música e Efeitos Sonoros
A trilha sonora... um tanto burocrática... a música tema, da tela de abertura, é esquisita... começa razoável mas de repente muda de estilo sem o menor aviso. Já a música da fase é divertida, mas tem o pequeno problema de ser a única música do jogo, em todos os estágios! Depois de umas doze ou treze fases, fica bem enjoativa escutar a mesma música. A tela de pontuação, onde é mostrado quantos pontos e vidas (isto é, a quantidade de ovos inteiros) o jogador possui, tem uma musiquinha até legal, mas muito curta.
Os efeitos sonoros encaixam-se bem no jogo e fazem sua parte. Ficou um trabalho razoável, nada excepcional, mas também nada para se reclamar a respeito.
Controles e Jogabilidade
Os controles são simples, tendo um botão para saltar e outro para quebrar blocos de gelo a bicadas, mas até pegar o jeito pode ser que você quebre blocos de gelo sem querer quando queria saltar ou algo parecido. Basta um pouco de treino para resolver isso.
Quanto a resposta aos comandos, os controles respondem bem, sem atrasos ou falhas perceptíveis. Os movimentos do comandante pinguim podem parecer escorregadios, mas levando em consideração que o jogo se passa em cavernas geladas e que Overbite está correndo sobre gelo, acho que isso foi mais uma escolha consciente dos programadores do que uma falha do jogo. Mais uma vez, nada que um pouco de treino não resolva.
Dificuldade
A dificuldade de "Penguin Land" é variável, dependendo do estágio. O jogo tem trinta fases, algumas mais fáceis, outras mais difíceis. Em algumas você alcançará sua tripulação com folga, tendo tempo de sobra no marcador, enquanto em outras você precisará de cada segundo disponível e vai chegar em cima da hora- isto é, se conseguir chegar!
O jogo tem uns poucos power- ups, encontrados por acaso ao se bicar blocos de gelo. Alguns blocos quando destruídos conferem pontos extras (100 ou 200 pontos), outros podem deixar par trás um relógio (ganha-se tempo extra); um escudo de ferro/ iron shield ( permite que se jogue o ovo de locais altos sem que ele quebre); uma mola (confere saltos maiores). O único problema é que ao se quebrar um bloco também pode-se libertar um fantasma que, se conseguir tocar em Overbite, controlará a mente do comandante pinguim, fazendo que os comandos respondam de forma inversa (Overbite irá para esquerda quando você apertar o direcional para direita, e vice-versa).
O jogo possui apenas dois inimigos, Gangow e Cameel:
*Gangow: Um alienígena que parece um urso polar. Soca brutalmente tanto Overbite quanto o ovo se estiverem ao seu alcance, quebrando o ovo se ele estiver encostado contra a parece. A melhor forma de se livrar de um Gangow é fazer que um bloco de pedra caía sobre ele, seja bicando a parte superior do bloco, seja batendo de cabeça na parte de baixo do bloco e saindo de baixo.
*Cameel: Um pássaro esquisito que aparece se o ovo ficar muito tempo parado no mesmo lugar. Cameel carrega um tijolo e o soltará em cima do ovo, quebrando-o automaticamente caso atinja o alvo. Existem duas formas de evitar o ataque de um Cameel, que são ou empurrar o ovo para longe da trajetória do bloco largado pela ave, ou saltar na ave ou no tijolo e fazer o bloco de pedra desaparecer.
Aesar do jogo ter poucos inimigos, ambos são bem chatinhos. Pre
Um último detalhe: Em vários estágios existem alguns blocos verdes com o desenho de um ovo ou de um pinguim. Esses blocos funcionam como canos ou dutos, permitindo que se desça por eles para a plataforma logo abaixo. Para funcionarem deve-se colocar o ovo diretamente sobre o bloco correspondente e apertar o botão da bicada com Overbite logo ao lado do ovo. Por sua vez, para o comandante pinguim descer pelo tubo, basta ficar em cima dele e apertar o mesmo botão. Sem maiores segredos.
Comentário Final
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Capa de "Pinguin Land" no lançada nos EUA |
"Penguin Land" é legal e bem feito, mas sofre da limitação de ser um jogo para um público mais específico. Se você gosta de puzzles, é provável que o jogo te prenda por seu visual e desafio, mas, se não for seu tipo de jogo, "Penguin Land" tem pouco a oferecer e provavelmente será deixado de lado após um par de tentativas. Alguns detalhes poderiam ter recebido um polimento melhor, como a música de abertura e o ponto de chegada em cada fase, mas, mesmo que puxem o jogo um pouco para baixo, são problemas menores e afetam muitíssimo pouco a diversão de quem gosta de resolver um bom quebra-cabeça.
NOTA: 6,0