29 de ago. de 2018

Divagações Oldschool: Outro jogo antigo com capa terrível #4


"Klax" é um jogo de raciocínio, daquele tipo que era mais apreciado pelos pais do que pelos gamers de 12 anos. Parece uma mistura de "Tetris", "Columns" e uma pitada de jogo-da-velha. Sim... jogo-da-velha... foi o próprio desenvolvedor que disse isso. Bom... até aí nada demais...
O desenvolvedor do jogo também declarou que o nome do jogo é uma onomatopeia do som que os blocos fazem ao se locomoverem pela esteira rolante  durante a partida. Também não tem nada demais nisso... o nome não tem nenhum sentido profundo mas até que não soa mal.
Aí você olha a capa do jogo... 

E os questionamentos começam a surgir... que raio de capa é essa? Que tipo de jogo teria uma capa assim? Tudo bem, essa é a versão norte- americana... a japonesa, tanto do NES quanto do Mega não tem nada demais... são apenas os blocos do jogo em destaque em um planeta deserto no primeiro caso e uma representação artística do que você vê na tela do jogo no segundo...são meio sem graça mas não são bizarras... 

Versão japonesa do Mega. OK, não é grande coisa mas é... passável... 
A versão que nós brasileiros conhecemos foi inspirada na norte- americana, mas, enquanto a original parecia a vitrine de uma loja de luminárias de neon, até mesmo a daqui foi menos pior... só um pouco, mas foi... 
A capa da Tec Toy
E como pode a capa brasileira ter sido menos carnavalesca que a dos EUA? Se Clóvis Bornay não estivesse ainda vivo na época em que "Klax" foi lançado aqui, teria se revirado no túmulo.
Aí você olha de novo a capa dos EUA... o que dizer daquilo? Como? Por que? Talvez seja o grito de agonia, desabafo e redenção de um recém- formado estudante de Belas-Artes que sonhava ser o próximo grande nome da Pop-Art, com obras em tudo que é galeria, exaltado pela crítica e admirado pelo público, mas acabou tendo que trabalhar para um empresa de design, desenhando rótulos e caixas para pagar as contas?
E teria esse suposto jovem artista frustrado visitado numa galeria qualquer uma exposição de obras do Keith Haring no dia anterior ao que recebeu o trabalho e produziu a capa após uma noite de bebedeira e choramingos de auto- piedade onde ele se lamentou umas 317 vezes com seu gato de estimação de que era uma grande injustiça ele não ser reconhecido?
Pode ser... quem sabe? Talvez isso explique a arte da capa parecer um bêbado tentando fazer um hang loose após um grave fratura do polegar tendo uma chuva de pedaços de serpentina caindo ao fundo. Só mesmo alguém bêbado teria tido a ideia de escrever o nome do jogo com algo que parece lápis de cera... Ou talvez seja como ficaria a mão de um jogador viciado em "Klax" após umas dezessete ou dezoito horas de jogo ininterruptas? Não é de todo incabível...
O próprio jogo é até legal, mas por que escolheram justo o detalhe mais idiota do jogo para ilustrar a capa, caramba? Essa mãozinha esdrúxula aparece na tela dos créditos do jogo e fica alternando com a letra "K". Por que? Vai se saber... a princípio cogitei que poderia ser o símbolo para o "K" na linguagem de sinais, mas não... não tem nada a ver... é um troço bem aleatório mesmo... E o pior é que esse cripto- gráfico ainda aparece durante o jogo, visível no cenário de fundo, sem nenhuma razão lógica aparente. E escolhem justo isso para a capa? Como assim? Por que? Justo o elemento mais estúpido e dispensável do jogo todo? Qual o cabimento disso?
Não é possível... deve ter rolado uma situação assim:

CHEFE: Terminou a arte para aquele jogo de nome idiota, o tal "Klax"?
ARTISTA FRUSTRADO: Sim... terminei.
CHEFE: Fez como pedi? Usou algum elemento presente no jogo para ilustrar a capa e os jogadores assimilarem de primeira do que se trata?
ARTISTA FRUSTRADO: Sim.... usei.
CHEFE: Usou o que? A esteira rolante? Os blocos coloridos? A pá mecânica que recolhe e deposita as peças em fileiras?
ARTISTA FRUSTRADO: Não.
CHEFE: Não?
ARTISTA FRUSTRADO: não.
CHEFE: Usou o que, então?
ARTISTA FRUSTRADO: Aquela mãozinha super psicodélica que aparece em uma das telas do início e depois volta e meia fica no cenário sem servir para nada além de enfeite de gosto duvidoso.
CHEFE: Aquela mãozinha esquisita?
ARTISTA FRUSTRADO: É.
CHEFE: Mas.. por que?
ARTISTA FRUSTRADO: EU SOU UM ARTISTA E NÃO TENHO QUE DAR EXPLICAÇÕES SOBRE MINHA ARTE PARA NINGUÉM!
CHEFE: Perfeito!

Deve ter sido isso. Só pode ter sido. Não consigo pensar de outra forma. Não devo ter alma de artista, no fim das contas.

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