Final Fight
Todo gênero tem aqueles jogos essenciais, que, devido tanto a suas qualidades quanto ao seu sucesso, ajudaram a definir as características daquele tipo de jogo. "Final Fight", originalmente para os arcades lançado no Japão em 1989 com o nome de "Final Clash", é um desses casos, tendo deixado seu legado não só através da franquia que iniciou quanto mas também através da influência que exerceu nas dezenas de beat'em ups que o seguiram na primeira metade dos anos 90.
História e Roteiro
"Final Fight" foi lançado no finalzinho dos anos 80 e é visível a influência dos filmes de ação daqueles tempos. Seu enredo podia perfeitamente ter servido para alguma das produções cinematográficas cheias de pancadaria e diálogos memoravelmente toscos da época: Metro City, uma metrópole violenta, decadente, suja e corrupta- basicamente uma típica metrópole norte-americana dos anos 80, segundo os filmes do período- tem seu submundo controlado pela gangue Mad Gear, a mais poderosa dentre todas da cidade. O novo prefeito de Metro City, o ex- lutador profissional Mike Haggar, pretende reverter esse quadro e trazer justiça à cidade caótica, mas tem sua filha, Jessica, sequestrada pela Mad Gear, como forma de chantageá-lo para interromper seus planos.
Decidido a salvar Jessica sem se dobrar à poderosa organização criminosa e a seu ardiloso líder, Belger, Mike Haggar parte para o resgate, mostrando que prefeito de verdade saí do gabinete e resolve a questão da segurança pública por conta própria- e sem nem mesmo estar vestindo uma camisa para isso!
Devido a corrupção que impera na cidade, sendo que até mesmo membros da polícia figuram dentro das fileiras da Mad Gear, Haggar pode contar apenas com a ajuda de Cody, namorado de Jessica e especialista no uso de facas, e de Guy, lutador de artes marciais descendente de um antigo clã ninja e amigo em comum dos dois, para resgatar a belíssima Jessica, derrotar a famigerada Mad Gear e trazer a tão merecida paz para Metro City- não necessariamente nessa ordem.
Gráficos
Lembre-se... "Final Fight" é um jogo de 1989... seus gráficos, de ponta para a época, não ficaram imunes ao peso dos anos, mas, ainda assim continuam bons. Os cenários são muito legais, cheios de detalhes (pichações nas paredes, o barman lendo jornal, etc) e bastante variados no primeiro estágio, "Slums", fica muito bem marcado a diferença entre o bairro pobre e arruinado, separado com cercas e placas alertando para o perigo, para o centro da cidade cheio de arranha-céus ao fundo. É quase um exemplo gráfico daquele conceito sociológico de cidade partida!
Gosto bastante das partes passadas no metrô (uma clara representação de como o japonês médio imaginava o metrô de Nova York dos anos 80) e da Bay Area, com o mar noturno ao fundo- só estranho ter uma Estátua da Liberdade em um determinado ponto... talvez algum dos criadores do jogo achasse que cada cidade dos EUA tinha uma... vai saber...
As cut-scenes são, em geral, bem desenhadas e os sprites dos personagens variam de medianos (o rosto de Cody, por exemplo, parece meio esquisito) a muito bons (em especial os chefões Damnd/ Thrasher e Sodom/ Katana), já animação está um tanto envelhecida, com alguns personagens se movendo de forma bem dura, como Andore ou Abigail. Nada que comprometa muito a qualidade geral, no fim das contas.
Música e Efeitos Sonoros
A trilha sonoro do jogo é ótima e variada! Tem o equilíbrio certo entre agitação de uma luta e tensão de ver um ente querido sequestrado e não dá para imaginar nada melhor para se perambular pelas ruas enquanto se esmurra membros de gangue com gostos para roupa questionáveis. É difícil escolher uma para destacar, mas gosto bastante do tema da Bay Area e da música que toca quando se chega na última parte do jogo, a cobertura de Belger.
Os efeitos sonoros também são ótimos! Dá para ouvir o barulho da composição do metrô correndo sobre os trilhos e o som metálico dos latões sendo chutados contra os heróis. Os golpes realmente soam como tal e as risadas, assobios e gritos dos inimigos cumprem bem a sua parte. Realmente "Final Fight" estava bem acima da qualidade média da época nesse quesito.
Controles e Jogabilidade
Os controles são simples e no geral respondem bem- só o golpe especial, onde é preciso apertar o botão de pulo e o de ataque ao mesmo tempo, as vezes engasga e não sai no momento desejado- o que pode ser bem ruim quando se está cercado por punks te cobrindo de socos e pontapés.
Dificuldade
O jogo não e fácil- afinal era um arcade e foi feito para comer moedas dos jogadores! Os chefes são difíceis, sendo Rolento e Abigail os piores em minha opinião, e até mesmo alguns inimigos de fase podem ser bem complicados de se lidar, como o arremessador de facas El Gado ou o brutamontes Andore, enquanto outros, como a polêmica Poison (afinal uma mulher trans ou não?), estão na média para os beat'em ups da época. Os golpes dos inimigos tiram bastante energia e não é raro eles acertarem sequências das quais é difícil de se safar- até porque em alguns momentos é difícil retomar o controle de seu personagem após ele levar um golpe.
O trio de protagonistas segue a divisão clássica da época, o cara forte e resistente, porém lento (M. Haggar), o cara rápido e ágil, mas que faz e aguenta pouco dano (Guy) e o equilibrado (Cody) e todos tem um glpe especial que atinge inimigos em todas as direções. Para dar um tempero extra, Haggar tem um golpe a mais que os outros dois, um formidável pilão que tira muita energia, e Cody pode usar as facas para lutar, enquanto os outros dois só podem arremessá-las.
O jogo tem algumas armas (facas, canos e espadas) e itens que recuperam energia ou dão pontos extras espalhados pelas fases- aliás pode comer comida achada no lixo tranquilamente que faz bem! Uma última coisa... espremidas entre os estágios, tem-se duas fases bônus, onde os três lutadores podem demostrar seu pouco apreço pela propriedade privada alheia destruindo um carro ou quebrando vidros em uma fábrica. Tente caprichar nelas, pois as fases bônus podem render muitos pontos- o que é importante já que ganha-se vidas ao se atingir determinadas pontuações!
Comentário Final
"Final Fight" é um grande clássico e, sem dúvida alguma, muito divertido, mesmo que tempo cobrando seu preço. Seus personagens são carismáticos e mesmo os vilões tem mais personalidade que aqueles da maioria dos jogos de pancadaria. É desafiante sem ser frustrante e é daqueles jogos que agradam um público mais geral, não só exclusivamente os fãs do gênero beat'em up.
E jogado com os amigos fica ainda melhor!
Nota: 8,5
P.S1: Na versão norte-americana do jogo, Poison e sua pallete swap Roxy foram substituídos por uma dupla de punks genéricos, Sid e Billy, devido à polêmica questão envolvendo o gênero de Poison.
P.S2: "Final Fight" ganhou duas versões para SNES, pois, devido às limitações do console doméstico, não dava para disponiblizar os três lutadores para escolha no jogo. Em "Final Fight" podia-se escolher entre Cody ou M. Haggar para tentar resgatar Jessica, enquanto em "Final Fight Guy" o jogador podia escolher o ninja Guy no lugar de Cody, permanecendo Haggar como a segunda opção,
P.S1: Na versão norte-americana do jogo, Poison e sua pallete swap Roxy foram substituídos por uma dupla de punks genéricos, Sid e Billy, devido à polêmica questão envolvendo o gênero de Poison.
P.S2: "Final Fight" ganhou duas versões para SNES, pois, devido às limitações do console doméstico, não dava para disponiblizar os três lutadores para escolha no jogo. Em "Final Fight" podia-se escolher entre Cody ou M. Haggar para tentar resgatar Jessica, enquanto em "Final Fight Guy" o jogador podia escolher o ninja Guy no lugar de Cody, permanecendo Haggar como a segunda opção,