2 de set. de 2018

Alien Rampage


Quando um novo estilo de jogo começa a fazer sucesso, como os FPSs e  RTSs* para PC a partir de meados dos anos 90, outros estilos, outrora populares e dominantes, podem acabar caindo para um segundo plano. Foi o que aconteceu com jogos plataforma... de outrora dominantes passaram a démodé e amargaram um semi-ostracismo por anos, mesmo com um ou outro momento isolado de brilho como 'Megaman 8" ou "Castlevania: Simphony of the Night" para o Playstation. 
E não raro títulos até interessantes desse estilo fora de moda acabem sendo quase totalmente ignorados, passando batido tanto pela mídia especializada quanto pelos jogadores. Foi o caso de "Alien Rampage", lançado para PC em 1996 pela Inner Circle Creations.

História e Roteiro


Embora não seja nenhum primor de criatividade, "Alien Rampage" tem alguns elementos incomuns para a época em que foi lançado: seu protagonista passa longe de ser um herói. Sem essa de herói profetizado o algo do gênero. Na melhor das hipóteses o que temos no jogo é um anti-herói que luta por interesses exclusivamente pessoais, só ajudando alguém quando lhe for conveniente. Somado a isso... o cara é realmente feio, um alienígena monstruoso mais parece um primo do Predador com um chifre na testa e que não lembra nem um pouquinho os mocinhos dos outros jogos.
Esse é Krupok, um gwonar mercenário, guarda-costas, contrabandista e assassino de aluguel cuja fama de se dar bem nas mais difíceis situações o precede. O sujeito ideal para entregar uma carga de armas e suprimentos contrabandeados para um clã pjungkt fora-da-lei.
Para evitar ser detectado, Krupok decidiu passar por um sistema solar obscuro e pouco movimentado, fora das rotas comerciais tradicionais. O lugar ideal para todo tipo de atividade ilícita. Infelizmente para Krupok, outros também pensam a mesma coisa e ele teve o azar de esbarrar com um punhado de naves de saqueadores untharians, alienígenas de aparência reptiliana e que tem o agradável hábito de atirar primeiro e fazer perguntas depois.
A nave de Krupok foi atingida e ele tem que fazer um pouso forçado em Mongoidia, um planeta pantanoso que parece a mistura de Dagobah com cenários de "Jornada nas Estrelas: A Nova Geração" dos anos 80. A nave foi bastante danificada na queda, toda sua carga perdida e agora Krupok precisa encontrar no planeta as peças que precisa para fazer seu veículo sair do chão, além de cumprir seu recém-feito juramento de sangue gwonarian de vingança contra os saqueadores untharians (não necessariamente nessa ordem). 
Nada de salvar o universo aqui. Apenas a própria pele e dar o troco em quem pisou nos teus calos.

Gráficos


Os gráficos são bons sem serem excepcionais. Personagens com sprites grandes, bem desenhados e razoavelmente detalhados e até bem variados- tem pelo menos uns trinta tipos de inimigos diferentes, inclusive um dos mais bizarros que já vi: a cabeça gigante de um idoso calvo presa a um corpo bípede mecanizado. Perturbador...
Os cenários são legais, passando bem aquela ideia de mundo sujo e decadente que, em um passado distante, foi algo que preste mas agora só sobraram algumas ruínas decrépitas para testemunhar o fato, e nisso as cores, mais puxadas para tons escuros e sem brilho, colabora bastante. O jogo não tem tanta variedade de cenários assim, mas acabou sendo um pouco maior do que eu esperava.
O maior problema da parte gráfica é que a animação poderia ser um pouco mais fluida. Uns frames a mais para cada personagem não faria mal algum.
Uma última que vale a pena ser dita a respeito desse quesito dos gráficos: Aparentemente houve duas versões desse jogo, uma em disquetes e a outra em CD-Rom. A versão CD tem uma abertura cinemática, contando a história do jogo, e mais algumas animações espalhadas aqui e ali, enquanto a outra  um texto explicando, sobreposto a uma tela estática, como Krupok foi parar naquele brejo esquecido de planeta.

Música e Efeitos Sonoros

Aqui é o grande ponto fraco do jogo. Não há música durante o jogo! Na abertura toca-se uma faixa genérica que não dura nem dez segundos, enquanto o jogador é saudado de forma quase messiânica por Krupok, e pouca coisa além disso no correr do jogo.
Já os efeitos sonoros do jogo são acima da média, feitos com competência razoável, mas, sinceramente, sozinhos não conseguem suprir a falta de trilha sonora.
Recomendo jogar "Alen Rampage" escutando Matanza. Músicas como "Eu não gosto de ninguém", "Amigo Nenhum", "Tudo ainda vai ficar Pior", "Tudo Errado", "Pé na Porta e Soco na Cara" e "Carvão, Enxofre e Salitre" caem bem tanto com o enredo quanto com o protagonista.

Controles e Jogabilidade

Jogabilidade razoável, sem muito o que se falar a favor ou contra. Um ou outro pulo pode dar errado, mas,no geral, joga-se sem maiores problemas. 
Usa-se apenas três botões nesse jogo, um para saltar, um para atirar e o último para seleção de armas, e é bem fácil pegar o jeito dos controles.
O gameplay durante a maior parte do tempo é de um side sidescrowler em plataforma, mas em alguns momentos isso muda, como no trecho em que se dirige um mini- submarino na fase. Outro detalhe de "Alien Rampage" é que o jogo não se limita a avançar atirando sempre em frente. Dependendo do estágio tem que se ir e voltar para vários trechos do cenário para conseguir avançar, por exemplo tendo que, na fase 5, se dar um jeito para chegar no canto superior direito da tela para apertar um botão que abre a escotilha que dá acesso à base submarina dos untharians.
Se esse vai-e-vem todo torna o gameplay mais variado, também pode ser cansativo, demorado e até tedioso em alguns momentos. Realmente tem hora que enche ter que andar a fase inteira para achar uma chave ou cartão de acesso e depois ter que voltar tudo, refazendo todo o caminho, para conseguir abrir uma porta. Isso não era incomum em jogos dos anos 80 e 90, mas hoje em dia é algo realmente datado e pode afastar jogadores mais novos.

Dificuldade


Em termos de dificuldade, esse é um daqueles jogos que enganam... você joga a primeira fase e pensa "Ah, Tranquilo! Nada demais!". Aí vem a 2o fase e daí em diante a curva de dificuldade dá um salto inesperado.
O jogo não tem limite de vidas. Ao morrer, se reinicia no último save point marcado, ao custo de algumas de moedas. Enquanto se tiver grana, o jogo continua.
Quanto ao jogo em si... os inimigos fazem bastante dano e podem te matar em poucos golpes. Existem vários tipos de armadilhas espalhadas, como lâminas e estátuas cuspidoras de fogo, as quais também tiram uma quantidade significativa de energia se conseguirem acertar Krupok. E, fora isso tudo, o mercenário durão também não sabe nadar! Se cair na água vai afundar feito uma pedra e já era!
Durante o jogo tem alguns puzzles, em geral ligados ao que fazer e como prosseguir a partir de um determinado ponto. Não são, em sua maioria, difíceis e boa parte deles pode ser solucionada com a ajuda dos nativos de Mongoidia, os moorgs. Sempre que você salvar ou ajudar algum desses seres simiescos de pele ocre e cabeleira branca, ele fará algo por você, como dar dinheiro ou até servir de apoio para se alcançar um lugar mais alto com seus saltos. Em alguns pontos simplesmente não dá para seguir em frente sem a ajuda deles.
O jogo tem muitos power ups espalhados, dentro de caixas, barris e correlatos, como kits de primeiros socorros que recuperam parte de sua energia. Pode-se encontrar moedas pela fase, e com o dinheiro e adquirir munições diferentes, como projéteis teleguiados ou combustível para lança-chamas, nas barracas dos vendedores, uns sujeitos misteriosos envoltos em mantos azuis, espalhadas pelo jogo. Compre sempre o máximo que puder. Munição diferenciada é muito útil no correr do jogo.

Comentário Final


Para o que se presta a ser, "Alien Rampage" é um jogo bem razoável. O jogo combina elementos pouco usuais para sua época com outros já datados para os dias de hoje, e tem tanto qualidades quanto limitações consideráveis, em especial no que toca à música- ou melhor, à ausência dela. Como jogo de ação e plataforma, vai oscilar entre divertir e desgastar, mas para mim, o ponteiro acaba pendendo mais para o lado da diversão, mesmo não sendo nenhum marco no gênero. Recomendado em especial para inveterados fãs de jogos estilo plataforma e jogadores oldschool que curtam títulos como "Blackthorne".

NOTA: 6,0

* First Person Shooter (jogos de tiro em primeira pessoa, como "Doom") e Real Time Stratetegy (Jogos de estratégia em temp oreal, como "Warcraft: Orcs & Humans"), respectivamente.

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