28 de jan. de 2014

The Astyanax



  Cartuchos eram caros na década de 90... em geral nós, os donos de videogames, tínhamos uns poucos e conseguíamos jogar novos jogos pegando alguns emprestados com amigos ou, mais comumente, alugando. Praticamente todo mundo era sócio de uma locadora em alguma esquina perto de casa.
   E como fazíamos para saber qual jogo alugar? Olhar a parte de trás da caixa do jogo era clássico, praticamente obrigatória na hora da locação, porém mais eficiente ainda era acompanhar as revistas especializadas da época (Videogame, AçãoGames, etc) e ver as matérias sobre os jogos. Foi em uma edição da Videogame que vi algo sobre "The Astyanax" pela primeira vez. Fiquei doido para jogar esse jogo.
   Quando esbarrei com uma locadora que tinha o jogo, não tardou para ele ter um novo sócio e "The Astyanax" ir rodar no Phantom System lá de casa. Aliás, a locação que deveria ter sido de um final de semana virou de uma semana inteira, rendeu uma conta astronômica e um esporro monumental... mas deixemos essa parte da história para lá...

   "The Astyanax" é um dos ótimos jogos do NES que pouca gente conhece. Até é compreensível, pois com a quantidade imensa de títulos do NES, muita coisa boa acabou passando meio batido. "Little Sansom" foi uma delas. "The Astyanax" foi outra.

   Lançado em 1990 no Japão com o nome de "The Lord of King" pela Jaleco, após ser desenvolvido pela Aicom, "The Astyanax" é um jogo de plataforma de ação/ aventura estilo "Side scroller" (daqueles que você começa do lado esquerdo da tela e vai avançando, matando monstros, saltando fossos, etc). Um pequeno diferencial é que em algumas fases você deve descer a tela, e não ir pela esquerda, algo não tão comum na época.



História e roteiro



   Para quem curte animes, histórias de fantasia medieval ou ambos, o enredo é de mão cheia: um jovem estudante de 16 anos chamado Astyanax (que faz questão de explicar que o nome dele veio da mitologia grega... parabéns, campeão...) tem sonhado toda noite com uma bela princesa pedindo socorro ( parece que na falta de encanadores, vai estudante mesmo... é a vida...). Certo dia ao andar para a escola, Astyanax é transportado magicamente para o reino mítico de Remlia. A responsável por isso é a pequena fada Cutie que explica ao jovem estudante de nome supimpa que ela o trouxe até Remlia para resgatar a Princessa Rosebud das garras do maléfico mago Blackhorn. Beleza pura, não?
   E para completar mensagem tão incentivadora, Cutie ainda informa que ela só tinha poder suficiente para trazer Astyanax até Remlia. Apenas a princesa Rosebud tem poder suficiente para mandar Astyanax para casa (que sacanagem... fada maldita...).


   A partir daí Astyanax ganha uma armadura que lembra vagamente algo greco-romano, um machado dourado encantado, a capacidade limitada de manipular magia e a agradável (???) companhia de Cutie, que funcionará como a guia em sua jornada através de castelos, florestas, ruínas, pântanos e outros locais típicos que um herói deve se aventurar para poder ser digno do título.

Gráficos



   Os gráficos são ótimos para um jogo do NEs de 1990! Os sprites dos personagens, tando do herói quanto dos vários monstros e oponentes, são grandes e bem detalhados. Os cenários são muito bonitos, daí a ambientação dar um ótimo clima ao jogo. Destaque para as cut scenes da abertura, encerramento e entre as fases! Todas em estilo mangá, são algumas das mais bem feitas e belas do NES, no mesmo nível das clássicas  cut scenes de "Ninja Gaiden".




Música e Efeitos Sonoros

   As músicas do jogo são muito boas. A música da sequência de cut scenes da abertura é mais lenta e melancólica. A musica da tela inicial do jogo já tem um ritmo de ação. As músicas das fases se enquadram bem ao cena´rio, e se mantem um tom levemente épico.
   Os efeitos sonoros são bons, desde que levados em consideração os limites do NES. Melhor que a média dos jogos da plataforma.



Controles e jogabilidade

   O ponto fraco do jogo. A jogabilidade deixa um pouco a desejar. O personagem é um tanto lento, e a detecção de dano por vezes é imprecisa- pode acontecer de você golpear um inimigo e ele não receber dano nem nada, como se simplesmente não tivesse sido atingido. Felizmente nenhum desses problemas está em um nível que torne o jogo incontrolável ou tire a diversão. Com um pouco de prática, o jogador se adapta a esses detalhes sem maiores problemas.



   Os controles não tem segredo, mas alguns detalhes merecem atenção, como o uso e seleção de magia:
  • Direcional: Move Astyanax pelo cenário. Apertando para baixo, o herói se agacha.
  • Botão A: Salto
  • Botão B: Ataque coma arma
  • Direcional para cima + Botão B: Ataque especial, com a magia selecionada.
  • Select: Não serve para nada... para variar...
  • Start: Pausa o jogo. Durante a pausa pode-se trocar a magia, apertando Direcional para Cima para selecioná-la.
Dificuldade

   Como era de praxe nos jogos do NES, a dificuldade de "The Astyanax" é muito maior do que a dos jogos que vem sendo produzidos hoje. O jogo Possui um nível de desafio e dificuldade respeitável. Em sua Astyanax devera passar por 11 mundos diferentes, cada um com seus próprios chefes de fase, até alcançar o mago Blackhorn e salvar a princesa Rosebud.
   A quantidade de inimigos é bem variada desde esqueletos com longas espadas até dragões alados. Blackhorn tem todo um exército de criaturas fantásticas para se interpôr entre o herói e seu tão nobre objetivo (Salvar a princesa, ok? Não voltar para casa! Quer dizer... talvez ambos... quem pode culpá-lo, afinal?).  


   Para enfrentar esse verdadeiro bestiário digno de uma partida de Dungeons & Dragons, Astyanax conta com mais do que a força bruta: a arma do herói "evoluir" em até três formas diferentes (Machado, lança e espada), cada uma progressivamente mais forte que a anterior. A força do golpe pode ser contralada e medida através de uma barra "Power". Quando maior a barra no momento do golpe, mais dano o inimigo sofrerá.
  O jovem estudante também conta com três feitiços diferentes para escapar de situações espinhosas: "Bind" ( paralisa todos os oponentes na tela. Funciona com chefes de fase também.); "Blast" (lança bolas de fogo em todas as direções) e "Bolt" (atinge todos os inimigos com uma potente descarga elétrica). ATENÇÃO! O custo dos feitiços varia de acordo com a forma da arma de Astyanax carrega no momento!
  • Bind Com machado: 5 Mana Points Com lança: 3 MP Com Espada: 6 MP
  • Blast Com machado: 6 MP Com lança: 4 MP Com Espada: 10 MP
  • Bolt Com machado: 10 MP Com lança: 5 MP Com espada: 20 MP
   O medidor "Life" controla o quanto de vida o herói tem, através de corações. Não se iluda com a grande quantidade de corações que você começa. Eles parecerão poucos em alguns trechos do jogo. astyanax pode ganahr vidas novas através de ponto (100,000 pontos; 200,000 pontos; 400,000 pontos e depois disso a cada 200,000 pontos) e o medidor "Magic" mede o MP disponível para lançar os feitiços.

   Existem vários power ups espalhados pelas fases, dentro de pequenas estátua, para ajudar no avanço do jogador. Para apanhar o power up, primeiro deve-se destruir a estátua mágica. Procure pegar todos. Eles fazem bastante diferença.
  • Garra do poder: aumenta a barra "Power".
  • Machado: Modifica e fortalece a arma de Astyanax.
  • Poção vermelha: restaura 3 corações de energia.
  • Poção azul: restaura toda a energia.
  • Asas: aumenta a velocidade com que Astyanax golpeia e manuseia a arma.
  • Cutie, a fada: a fada camarada aparece quando sua barra de "Magic" está baixa ou vazia. Cutie preencherá sua barra, ou mudará sua arma.
  • Boneco/ miniatura de Astyanax: 1 up! Uma vida extra para o herói.
Comentário Final
  "The Astyanax"  tem aquele clima de anime de fantasia medieval dos anos 90. Ótimas músicas e gráficos, bom desafio e uma história divertida cujo final traz uma pequena surpresa, para fugir um pouco do previsível e fechar com chave de ouro esse pequeno clássico esquecido. Não foi a tóa que fiquei com o cartucho uns cinco dias a mais do que eu deveria. O jogo é altamente recomendável para fãs de fantasia medieval, jogadores oldschool e para quem curte jogos estilo plataforma.

NOTA: 9,0

Curiosidade: O nome Astyanax realmente é oriundo da cultura grega. É o nome pelo qual o povo de Tróia chamava Scamandrius, o filho ainda bebê de Heitor na Ilíada, e significa "grande rei". o bebê Astyanax é morto por Odisseus (Ulisses), arremesado das muralhas de Tróia sobre as rochas para que a linhagem de Príamo fosse encerrada de uma vez por todas. 
Astyanax também é o nome de um obscuro filho de Héracles (mais conhecido pelo nome romano Hércules), com Epilais.

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