Shooter ou SHMUP ( mais lembrados por aqui como "jogos de nave" ou "jogos de navezinha) é um dos gêneros mais tradicionais dos anos 80 e 90, e o bom e velho Mega Drive tinha em abundância jogos assim em sua biblioteca. Lançado ainda em 1990, e carregado daquele ar dos animes de ficção científica da época, "Arrow Flash" foi um dos primeiros títulos desse estilo para o console.
História e Roteiro
Não era incomum os roteiros e histórias de jogos japoneses serem modificados, em maior ou menor grau, para (supostamente) se ajustarem melhor ao gosto ou visão de mundo ocidental (leia-se estadunidense). "Arrow Flash" foi um desses casos.
Na versão norte-americana (que também foi a que veio para cá, trazida pela Tec Toy) uma frota de vikings espaciais (sim... vikings espaciais.. é isso mesmo...), liderados pelo terrível Great Hilagi ( Grande Hilagi, em tradução livre) aproxima-se da Terra no século XXX, após atacar e destruir diversos outros planetas pela galáxia. Um grupo avançado dos vikings espaciais de Hilagi consegue se infiltrar na Terra e atacam o laboratório do genial cientista Zerrek Keene (afinal, se ele não fosse um cientista genial não teria porque atacá-lo, não é?). Bastante ferido, Zerrek consegue contactar sua neta, Zana Keene. Zana vem ao encontro do avô e o encontra moribundo. Antes de morrer, Zerrek entrega um cartão-chave para sua neta e pede para que ela o use e salve a Terra dos Viking Terrorists (Terroristas Vikings, em tradução livre... sim, esse nome se encontra no manual). Zana, uma piloto de testes treinada pela Academia Militar do Governo Unido, sabe ao que o cartão que seu avô lhe confiara dá acesso: o único protótipo de uma poderosa arma de guerra, o "Camaleão", um caça espacial capaz de assumir a forma de um robô/ mecha e armado com um poderoso armamento batizado de Arrow Flash, além de também possuir a capacidade de navegar pelo "nether espace" (algo como o "subespaço", em tradução livre"). Já a bordo do "Camaleão", Zana parte para atacar os Viking Terrorists e seu líder Great Hilagi, salvando assim a Terra e conseguindo vingança pela morte de seu avô (não necessariamente nessa ordem).
A versão japonesa da história é bem menos melodramática. Zana é uma piloto de caça e, a bordo da mais poderosa arma produzida pela Terra, é enviada para salvar a Terra do ataque de um dragão espacial de outra galáxia (afinal, só um dragão espacial para conseguir ser mais sinistro do que vikings espaciais, certo?) e seu exército, utilizando tanto a capacidade de navegar pelo subespaço de sua nave quanto a habilidade de alterar a forma e o poder do Arrow Flash para destruir a ameaça extraterrena.
Levando em consideração a abertura do jogo, a versão japonesa se encaixa muito melhor, pois o que inimigo que é mostrado se parece bem mais com um dragão espacial do que com qualquer viking, espacial ou não. Fora isso, na abertura a nave de Zana é mostrada decolando de uma estação espacial, igual a que é destruída e cai no oceano na primeira fase do jogo ( na minha opinião, a mesma estação), o que combina mais com a versão japonesa do que com a norte- americana, de onde ela parte com o "Camaleão" do laboratório do avô.
Gráficos
Os gráficos são o que se espera de um videogame de 16 bits naquela época, nada além disso. A abertura é o grande destaque, mostrando Zana no momento em que embarca em sua nave com um belíssimo traço que lembra os mangás e animes dos anos 80. Os gráficos do jogo em si são bons, mas não são excepcionais, com um ou outro detalhe que chama mais atenção. Tanto a nave do jogador quanto os inimigos são bem razoáveis, e alguns dos chefes de fase tem um visual bem legal. As fases tem visuais bem legais, mesmo a primeira que, a primeira vista parece ser bem simples, apenas um céu coberto de nuvens mas com as belas cores de um pôr-do-sol no horizonte, em um degradê que vai de vários tons de azul até o preto. Cada fase tem algo que puxa a atenção dos olhos, como a estação caída no mar após a metade da primeira fase, e as ilhas voadoras após metade da segunda fase.
Música e Efeitos Sonoros
A trilha sonora do jogo é boa, com algumas faixas realmente bem legais. Gosto em especial da música de abertura, que tem um clima épico de início de jornada, e a da 1o fase, com um tom mais agitado, mais movimentado, para embalar aventura. Também gosto bastante das músicas da 5o fase, que tem um tom de decisão, e tudo-ou-nada.
Os efeitos sonoros cumprem sua parte.Nada a realmente reclamar ou exaltar aqui. Talvez o destaque vá para a sirene de alerta que toca em alguns momentos do jogo, a qual também tem o mérito de parar de tocar antes de se tornar irritante.
Controles e Jogabilidade
O jogabilidade é boa. Os controles respondem bem e nunca me deixaram na mão em momento mais delicado. Não tenho reclamações a respeito da detecção de dano nem nada do gênero.
Preste atenção a um detalhe: ao trocar a forma de sua nave, existem pequenas diferenças na jogabilidade. A nave é mais rápida para se mover na horizontal, enquanto o robô/ mecha é mais rápido para se mover na vertical. A forma também altera como se comportam as pequenas naves de tiro auxiliares (que são encontradas no correr das fases), sendo estacionárias com o mecha e móveis com a nave. A arma especial da nave, o Arrow Flash que dá nome ao jogo (acionado aos e pressionar o botão C pelas definições originais do jogo) também se modifica dependendo da forma da nave, sendo um rajada de vários tiros na versão nave ou campo de energia que recobre o corpo da nave e torna-o ao mesmo tempo indestrutível e destruidor na versão mecha.
Acho ambas as formas do "Camaleão", e suas habilidades correspondentes, equilibradas, dependendo mais do estilo de jogo de cada jogador para ser mais efetivo com um ou outro.
Dificuldade
Contracapa da versão japonesa de "Arrow Flash" |
Para ser franco, "Arrow Flash" é um jogo difícil, mas bem menos do que outros representantes do gênero que faz parte. Dos muitos SHMUPs que joguei, "Arrow Flash" é um dos que considero mais acessíveis para jogadores casuais ou muito jovens. Isso não significa que não seja um jogo desafiador, apenas que sua dificuldade é bem menos acentuada do que outros jogos de nave da época.
Algo que merece ser lembrado é que no Menu inicial você pode alterar algumas características de jogo para se enquadrar melhor ao seu modo de jogar, podendo habilitar tiro rápido (só manter o botão de tiro pressionado e vamos em frente) ou fazer com que o Arrow Flash seja carregado com o tempo, e não apanhando power-ups pela fase. Em minha opinião, essas modificações não são melhores ou piores que a "versão padrão", dependendo de como cada jogador se acerta ( ou não) com elas.
Comentário Final
Capa de "Arrow Flash" lançada no Brasil, quase igual a dos EUA |
"Arrow Flash" não é um jogo excepcional nem profundamente marcante. É um SHMUP acima da média e um jogo razoável que rende algumas horas de diversão, além de ser bem menos frustrante que outros jogos de nave. Mesmo para aqueles que não são fãs desse gênero de jogo, vale a pena conhecer "Arrow Flash".
NOTA: 6,5
OBS 1: Na versão européia do jogo, a heroína não se chama Zana Keene e sim Anna Schwinn. Realmente bastante europeu, não?
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